A volta das voltas. Chegamos, partimos e lá voltamos sempre!

28
Set 10

No ano da triunfante revolução dos cravos, neste mesmo dia, 28 de Setembro, os portugueses apanharam o primeiro grande susto no que respeita à ameaça contra-revolucionária.

 

A luta pelo poder – sendo o poder as FA consubstanciadas no Comando do MFA – tinha atingido o seu auge neste final do verão de 1974, com o Presidente da República General Spínola, a afrontar sem hesitações, as posições oficiais dos Capitães mesmo as constantes no Programa do MFA.

 

As diferenças existentes eram de tal ordem que, por exemplo, para o MFA, a negociação com os Movimentos de Libertação com o fim da autodeterminação e independência das Colónias era inquestionável, para o General Spínola e naturalmente para a direita reacionária, as coisas não eram bem assim.

 

A última cartada do General, vendo o poder fugir-lhe cada vez mais, foi tentar levar as suas posições para a rua. Os seus apaniguados trataram de convocar uma manifestação de apoio a Spínola para este dia. Os supostos manifestantes seriam a famosa “MAIORIA SILENCIOSA”. Os planos passavam por criar ambiente favorável à execução de um golpe de Estado para oferecer o poder absoluto ao General.

 

Os Capitães não dormiram, materializou-se a Aliança POVO/MFA e a manifestação acabou por não se realizar e a 30 de Setembro de 1974 Spínola renuncia ao cargo de Presidente da República, sendo substituído pelo General Costa Gomes.

 

A esta “personagem” (Spínola), viria ainda a ser atribuído, em 11 de Março de 1975, o principal protagonismo de uma outra tentativa de golpe de Estado executado pelo MDLP, movimento de era líder.

 

Uns anos mais tarde, Spínola foi reabilitado politicamente e promovido a Marechal, com forte empenhamento de Mário Soares.

 

SBF

publicado por voltadoduche às 20:00

12
Abr 10

O que Cavaco Silva disse ontem sobre Spínola, não passa de um registo circunstancial, a propósito da comemoração dos 100 anos de nascimento do Marechal, e no meio da inauguração de uma avenida em Lisboa com o seu nome.

 

O merecimento de homenagem nacional nunca será reconhecido por parte considerável de portugueses, o que, aliás, acontece também em relação a muitas estátuas, bustos e placas toponímicas, existentes em Lisboa e por esse País fora.

 

Todos sabemos que o actual Presidente da República não é tão entusiasta nos elogios a Spínola, como é, o Ex-Presidente Mário Soares. O “pai” dos socialistas portugueses, sempre teve uma adoração desmedida pelo homem do monóculo. Esta postura de Soares, em relação a Spínola, causou alguns desgostos aos seus (também) amigos militares do “Grupo dos Nove” (tendência vencedora no 25 de Novembro), que, como se sabe, na sua maioria, não morriam de amores pelo (na época) General.

 

Na verdade, se do ponto de vista militar, ou, pelo menos, no comando de homens, Spínola esteve entre os melhores, e a sua acção na Guiné, é disso um bom exemplo, a sua intervenção política viria a revelar-se um estrondoso falhanço.

 

Quando aceitou receber simbolicamente o poder das mãos de Marcelo Caetano, na tarde de 25 de Abril no Quartel do Carmo, sabia que estava a assumir um compromisso com quem tinha deposto o regime – O Movimento dos Capitães que, em 25 de Abril, já era Movimento das Forças Armadas. O grande equívoco de Spínola, começa quando pretende “rasgar” o programa do MFA e fazer as coisas à sua maneira. A sua estada no Palácio de Belém até 28 de Setembro de 1974, data da sua resignação, foi um permanente desassossego com posições e acções de afrontamento ao MFA, destacando-se a sua vontade do não reconhecimento imediato da autodeterminação e independência das colónias, ou seja, a guerra colonial continuaria sem fim à vista.

 

Sabendo-se que o final da guerra, e a consequente descolonização, a par da institucionalização da democracia política, era o principal objectivo da luta do Movimento dos Capitães, conclui-se, como inaceitável, a posição inflexível de Spínola, materializada na sua saída de Belém cinco meses depois do 25 de Abril.

 

Até esta altura, todos os factos são históricos e indesmentíveis. Já as outras culpas, que alguns lhe atribuem – Alegado envolvimento no 11 de Março, organização e direcção do MDLP e mais acções classificadas reaccionárias e mesmo criminosas – não estão cobertas com nenhuma prova factual, restando por isso, muitas dúvidas relativamente ao seu comportamento.

 

Mário Soares, enquanto Presidente da República, reabilita Spínola em 1987, condecorando-o com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Torre e Espada e nomeando-o Chanceler das Antigas Ordens Militares.

 

SBF

publicado por voltadoduche às 16:45

17
Mar 10

 

Na madrugada de 16 de Março de 1974, a pouco mais de um mês do triunfador 25 de Abril, um grupo de militares, saiu do R.I. nº 5 nas Caldas da Rainha, com destino a Lisboa. O objetivo era depor o regime.
Nesta altura, o Movimento dos Capitães (MC), já estava praticamente em condições de avançar para as ações a que se propunha – Derrubar o regime!
Entretanto, o MC, sofre um pesado contratempo – a prisão de Vasco Lourenço a 9 de Março! Este militar era, na organização clandestina, a peça nuclear e o fiel da balança relativamente às várias tendências que se iam manifestando no seio do MC, com destaque para a spinolista.
O General (à época) António de Spínola era, no setor civil da sociedade, geralmente identificado como opositor ao regime, ainda mais, depois da publicação do seu livro “Portugal e o Futuro”, onde defendia a criação e desenvolvimento duma federação incluindo Portugal metrópole e as colónias. Para o governo de Marcelo Caetano, a defesa desta teoria, representava em si, uma enorme ameaça para a manutenção do império e do próprio regime, daí a proibição do livro à posteriori.
Ora, para o General Spínola e seus seguidores, o aparecimento e desenvolvimento do MC que eles não controlavam, criou a necessidade de se irem infiltrando e, se possível, tomarem a dianteira nas decisões a tomar, de forma a se encaminharem para os seus objetivos – golpear o Estado e entregá-lo a Spínola.   
 Com Vasco Lourenço fora de ação, tudo ficava mais fácil e, o movimento de tropas a 16 de Março, não foi mais do que a tentativa dos spinolistas controlarem o novo poder.
A liberdade viria a 25 de Abril e, por ironia, Spínola foi Presidente da Junta de Salvação Nacional e Presidente da República, só até 28 de Setembro de 1974, acabando por se demitir em rota de colisão com o MC, nesta fase já o Movimento das Forças Armadas. Conjurou com os seus apaniguados às claras, até 11 de Março de 1975, e, clandestinamente depois com o famoso MDLP. O regime democrático reabilitou Spínola muito pela mão de Mário Soares, e, ainda foi promovido a Marechal.     
SBF
 
publicado por voltadoduche às 21:28

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