Temos muito pouca margem para sermos desligados dos bens materiais. A sociedade a que chamam desenvolvida assenta, acima de tudo, na acumulação de riqueza material – dinheiro, móveis, imóveis, etc., etc.
Quem não estiver formatado neste sentido, é marginal.
Antes da crise, corria-se atrás do sucesso carreirista buscando remunerações cada vez mais altas ou, e, se por conta própria, negócios cada vez mais lucrativos. Duma maneira ou doutra, o materialismo absorve tudo à volta e não há lugar para a simplicidade do essencial – fica mal perante os colegas e vizinhos e, na escola, os filhos correm o risco de serem gozados pelos outros.
Depois da crise, tudo muda mas o materialismo mantêm-se. Agora, que já se foram as altas remunerações e os chorudos negócios, a procura de dinheiro e dos bens materiais para dar de comer à família tornou-se, em muitos e muitos casos, a única motivação de vida.
Ou seja, em tempo de vacas gordas ou magras, não conseguimos deixar de andar atrás dos bens materiais e negligenciamos a saúde espiritual.
«A paz e amor numa cabana» dos fantásticos anos 60/70 do século XX, não se conseguiram impor à ganância e frieza do poder que se foi instalando por todo o lado montado na globalização sem rosto.
Silvestre Félix