Os grandes movimentos contestatários e revolucionários que derrubaram os regimes da Tunísia e do Egito, não estão limitados ao Magrebe. Estendem-se por todos os países árabes e também no Irão. Na Líbia e na Argélia, as forças policiais e militares estão a encontrar dificuldades em controlar as manifestações. O mesmo sucede em alguns países do golfo como é o caso do Iémen e do Bahrein. A situação está, da mesma forma, a acontecer fora da grande região árabe. No Irão, e no seguimento das movimentações oposicionistas aquando das últimas presidenciais em 2009, está, novamente ativa nas ruas, uma forte contestação ao atual poder.
Mais do que revoltas pontuais a pretexto do generalizado aumento dos bens de primeira necessidade, que é real e dificulta o dia-a-dia de quem já vive com muito pouco, estamos a assistir a um grande movimento revolucionário sem fronteiras, que se levanta contra tudo o que é ditadura e seus protagonistas.
Também me parece que a motivação maior é a possibilidade de viverem em democracia como, com mais ou menos clareza, a vêem no mundo ocidental. Acho que, salvo uma ou outra excepção que confirma a regra, daqui para a frente será muito difícil continuarem a vingar regimes autoritários em toda a região árabe e persa.
Silvestre Félix