A volta das voltas. Chegamos, partimos e lá voltamos sempre!

02
Ago 13

 

Passando pelo, ainda, serviço público de televisão, detive-me nos amores de Pedro e Inês.

 

Há já alguns anos se produziu e transmitiu quando “vacas gordas” se passeavam por todo o lado. Agora, que as vacas emagreceram e só se lhes conhecem ossadas espetadas e olhar mortiço, repõem-se boas lembranças e, neste caso, a mais bela e dramática história da nossa “cronologia” desde a fundação da nacionalidade.

 

A revisita aos acontecimentos históricos do nosso País ajuda-nos a perceber o nosso fado. A época de Pedro e Inês foi véspera da primeira grande provação da existência da Pátria. De Constância, senhora de Inês e primeira esposa de Pedro, nasceria D. Fernando que, com a sua morte em 1383 sem filho varão e filha Beatriz casada com João I de Castela por forte influência da megera rainha Leonor de Teles, deixaria o reino de Portugal nas mãos dos castelhanos. Qual resistência tipo “que se lixe a troika” os bons portugueses expulsaram a dita Leonor e o Conde Andeiro, ficando com o Mestre de Avis pai da ínclita geração e, por ironia das coisas, também filho do Pedro e doutra que não Inês nem Constância.

 

Sepultados em Alcobaça, no caminho de Peniche, da ginjinha de Óbitos, da onda de Nazaré e muito tempo antes do conselho de ministros no mosteiro, Pedro e Inês, transpiram o amor incondicional e imparável da nação lusa que resiste mais que todas as outras por essa Europa e mundo a fora. Havemos de continuar, deitando ao chão todos os que aqui estão mas jogam como o Andeiro, com cartas por baixo da mesa…

 

Em reposição na RTP2, “Pedro e Inês”.

 

Silvestre Félix

 

(Gravura: Coroação póstuma de Inês de Castro. Wikipédia)

publicado por voltadoduche às 22:33

29
Nov 10

 

O que aconteceu a 29 de Novembro de 1807, faz hoje 203 anos, iria condicionar a vida portuguesa pelo século XX fora e, muito provavelmente, alguns dos problemas nos nossos dias, já no século XXI, ainda serão herança desse esvaziar do tesouro nacional.

Há já mais de meio século que tinha acabado o efémero período de faustosa riqueza que o ouro do Brasil tinha proporcionado aos poderosos deste País, como é exemplo o Real Convento de Mafra mandado construir por D. João V. Em 1807, 52 anos depois do terrível acontecimento nacional que foi o terramoto de 1755, Portugal vivia num limbo pobretanas em que só o edificado e as aparências douradas da coroa, destoavam da miséria abundante que se espalhava pelas cidades e pela ruralidade.

Até este dia ventoso de Novembro, o poder era exercido no meio dos disparates proferidos por uma Rainha louca, D. Maria I, por um Príncipe Regente que viria a ser D. João VI, a Consorte D. Carlota Joaquina que, diziam as más (e boas) línguas, encornava o marido a torto e a direito, e, fora do âmbito familiar, pelo domínio militar Inglês muito reforçado pela fúria conquistadora de Napoleão Bonaparte.

O Imperador francês exigia que Portugal encerrasse os portos aos ingleses, D. João dizia “nim” conseguindo enganar durante algum tempo Napoleão, e, no âmbito da aliança Anglo-Portuguesa, ou a seu pretexto, uma armada Inglesa se instalou ao longo da costa e, em Terra, muita infantaria e artilharia se aquartelou.

Foi com o Reino nesta situação e sem ceder às pretensões francesas, que o Imperador, depois de ter posto no “bolso” a grande Espanha, se decidiu pela invasão do minúsculo território de Portugal. Mandou 30 mil homens comandados por Junot, e, na manhã de 29 de Novembro, estava a duas léguas de Lisboa.

 

«As forças de Junot aproximavam-se de fato muito rapidamente da capital, mas continuava a soprar um vento adverso que mantinha a frota ancorada. Os navios portugueses, agora perigosamente sobrelotados, balançavam para um lado e para o outro. Um medo indizível espalhava-se pelo convés das embarcações – o da possibilidade muito real de serem apanhados no porto pelos franceses.»(1)

 

Mas não, isso não aconteceu e…

 

«Na manhã de 29 de Novembro o vento mudou. Às sete da manhã foi dada ordem para levantar âncora. Parara de chover e, com céu limpo, os navios, balanceando, desceram o Tejo até à barra.» (2)

 

E partiram Atlântico abaixo em direção ao Brasil, donde só voltariam 14 anos depois.

 

Para trás ficou um País abandonado, despojado das suas riquezas, descapitalizado e entregue à sua sorte, neste caso, aos franceses e ingleses e, no cais e nas suas proximidades, um rasto de destroços e restos da bagagem real como se de lixeira se tratasse. A biblioteca real da Ajuda composta por sessenta mil volumes ficou espalhada pela lama, caixotes e caixotes de documentos, mapas e outros livros, alguns deles, edições únicas e datados da época das descobertas, coches luxuosos vazios mas alguns ainda cheios de recheios retirados dos palácios.

Claro que, a maior parte das riquezas, incluindo o “Tesouro Real”, com pelo menos metade da moeda em circulação e todo o espólio de diamantes e ouro, não ficaram para trás e viajaram até ao Brasil.

 

Desde este dia, Portugal não voltou a recompor-se mas isso é outra história.

 

SBF

 

(Notas: (1) e (2) Extraído do livro “Império à Deriva” de Patrick Wilchen. Edição da “Civilização”)

(Gravura: Partida da Frota Real. – Wikipédia)


04
Mar 10

Num dia 4 de Março, mas de 1394, faz agora 616 anos, nasceu no Porto um nobre português, que haveria, duma forma planeada e cientificamente desenvolvida, dar início à globalização da actualidade.
O Infante D. Henrique, quinto filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, teve o merecido cognome de “O Navegador”. Ainda novo, transferiu-se (literalmente) de armas e bagagens para o Algarve e instalou-se em Sagres. Esta localização foi escolhida por ser a mais perto do mar desconhecido a sul. Era nesta direcção que o Infante queria dirigir as suas armadas descobridoras.
Assim foi. Em 1415 conquista Ceuta a passa a controlar o estreito de Gibraltar. Em 1419/20, as suas naus, chegam à Madeira e Porto Santo. Nesta fase, a importância de D. Henrique é coroada com a sua nomeação para dirigente máximo da Ordem de Cristo, que sucedeu aos Templários. Ainda na década de vinte são descobertas as primeiras ilhas dos Açores e logo depois Gil Eanes dobra o Cabo Bojador, é descoberto o Arquipélago de Cabo Verde, e toda a costa africana abaixo do Saara, Senegal, Guiné e, até 1460, ano da morte do Infante, tínhamos chegado aonde hoje é a Serra Leoa.
Verdadeiro cientista naquele tempo, o seu trabalho foi determinante para o êxito que as futuras navegações tiveram.
É um dos grandes da nossa história.
SBF

06
Set 09

«EM NOME DE DEUS TODO-PODEROSO, Padre, Filho e Espírito Santo, três pessoas realmente distintas e apartadas e uma só essência divina. Manifesto e notório seja a todos quantos este público instrumento virem, como na vila de Tordesilhas, a sete dias do mês de Junho, ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de Mil Quatrocentos e noventa e quatro anos…»
É assim que começa o texto do famoso tratado de Tordesilhas, entre Portugal e os Reinos titulados (pela mesma época unidos numa só designação de Espanha) pelos Reis Católicos Fernando e Isabel. O tratado feito e concluído no dia sete de Junho na presença destes e do embaixador português D. João de Sousa e desembargador Aires de Almada, seria ratificado e assinado por D. Fernando de Aragão a 7 de Julho e por D. João II de Portugal a 5 de Setembro do mesmo ano, fez ontem 515 anos.
O Tratado, reclamado por D. João II, pretendia garantir os descobrimentos portugueses para ocidente, até 370 léguas de Cabo Verde que incluía o Brasil, já conhecido pelos nossos navegadores mas com descoberta oficial só em 1500 e também todo o hemisfério oriental. Esta salvaguarda foi necessária, em virtude da descoberta das Antilhas por Cristovão Colombo, ao serviço de Castela no ano de 1492, ficando toda a América para Castela por estar a oeste das ditas 370 léguas de Cabo Verde.
Hoje sabe-se, para além de Cristovão Colombo ser português de Cuba (Alentejo), que D. João II estava ao corrente das suas viagens e eventualmente até fazendo parte duma estratégia portuguesa que, com a sua morte em 1495, não chegou a ser apurada. O certo, é que a 6 de Março de mil quatrocentos e noventa e três, arribou ao cais do Restelo Cristovão Colombo com a única intenção de ser recebido pelo Rei português. O seu desejo foi cumprido, D. João II recebeu-o com todas as honras mas nunca se chegou a saber exactamente o motivo dessa audiência.
Dois anos depois sobe ao trono D. Manuel e Colombo continua a suas viagens à América ao serviço dos Reis Católicos.
Naquele tempo dizia-se; Senhor D. João II, pela graça de Deus rei de Portugal e dos Algarves daquém e dalém mar em África e senhor da Guiné.  
SBF
(Gravuras: Wikipédia) – (Dicas: História de Portugal José Hermano Saraiva e Newton de Macedo)

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