A volta das voltas. Chegamos, partimos e lá voltamos sempre!

04
Fev 13

Não estava certo que o sofrimento dos portugueses chamados “retornados” das ex-Colónias tivesse sido minimizado, ignorado e tantas vezes usado como bola de ping-pong no jogo político do PREC e dos tempos seguintes.  

 

Nos últimos anos tem aparecido vasta literatura sobre o tema. Algumas obras boas e esclarecedoras da situação, outras más e que carregam nostalgias contra naturas e historicamente desadequadas. Nem todos, na verdade só uma minoria, eram racistas e aplicavam a dose colonialista com o que de pior se entende.

 

É verdade que os portugueses que fugiram das ex-colónias nem sempre foram bem tratados aqui. Ainda hoje a expressão “retornado” tem uma carga pejorativa desproporcionada. Foram, duma forma geral e nos primeiros tempos, injustamente marginalizados.

 

O que aqui estou a escrever tem a ver com a transmissão pela RTP da série “E Depois do Adeus”. É exatamente sobre aquela época e aborda a questão dos refugiados das ex-colónias. É um documento sobre a nossa história contemporânea e merece ser visto nessa perspetiva. No entanto, e considerando os tempos conturbados de agora e a caminhada da deriva ultraliberal em curso, tenho receio que, o que na altura foi certo vire errado e o errado passe a certo.

 

Não podemos esquecer que houve culpados de todos os sofrimentos de há 40 e 50 anos. No pós-guerra (finais década de 40 e durante a de 50 do século passado), as democracias europeias trataram de dar um final aos seus impérios e fizeram as descolonizações acautelando os interesses nacionais e dos cidadãos residentes nas colónias.

 

No nosso caso o que foi feito? Salazar, quis escrever a história ao contrário e impôs o maior sofrimento jamais aplicado por um governante nacional aos seus e aos povos das ex-colónias – a guerra! Foram 13 anos de mortes e estropiados de todos os lados. Aqui está a verdadeira culpa! Salazar e os seus apaniguados fascistas.


Para contrabalançar a perigosa “onda” acusatória de alguns acontecimentos após 25 de Abril, aconselho a leitura de “OS CUS DE JUDAS” de António Lobo Antunes. Nunca li narrativa que melhor me “mostrasse” os horrores e as culpas da Guerra Colonial. E, para quem ainda tem alguma dificuldade em lidar com a genialidade da escrita de António Lobo Antunes, o romance “Os Cus de Judas” é o ideal para a ultrapassar, como aconteceu comigo. Este romance é o segundo da sua bibliografia oficial e foi publicado em 1979.

 

A 30ª edição desta obra é das Publicações D. Quixote do universo Leya e a versão bolso da BIS de Dezembro de 2010. Ainda se vai vendo por aí.

 

Silvestre Félix

publicado por voltadoduche às 15:59

24
Ago 10

 

Todos os portugueses da minha geração, estão, de alguma forma – os próprios ou alguém de família – ligados ao período negro da nossa história que foi a Guerra Colonial.

 

Passados 36 anos sobre o seu final, ainda há quem queira justificá-la (a Guerra Colonial) e reabilitá-la, como palco de heroicidades terrenas protagonizadas pelos melhores representantes da nossa elite castrense.

 

A Guerra Colonial passou à história e nós, portugueses, civis ou militares, temos de nos conformar com o fato de nem sempre estarmos do lado certo. Todos temos o dever de entender a história.

 

Soube-se, nos últimos dias, que alguns antigos militares combatentes na Guerra Colonial, descobriram, num livro de António Lobo Antunes publicado em Setembro de 2009, umas frases, sobre a participação do escritor na guerra em Angola, que não lhes agrada. (CLICAR E VER NOTÍCIA)

 

Ninguém é obrigado a gostar do que este – mesmo sendo, talvez, o nosso maior escritor vivo – escreve mas, daí a exigir-lhe explicações, já é demais!

 

Silvestre

 

(Foto e link do DN Online)

publicado por voltadoduche às 21:39

Novembro 2015
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9
10
11
12
13
14

15
16
17
18
19
20
21

22
23
24
26
27
28

29


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO