A volta das voltas. Chegamos, partimos e lá voltamos sempre!

02
Ago 13

 

Passando pelo, ainda, serviço público de televisão, detive-me nos amores de Pedro e Inês.

 

Há já alguns anos se produziu e transmitiu quando “vacas gordas” se passeavam por todo o lado. Agora, que as vacas emagreceram e só se lhes conhecem ossadas espetadas e olhar mortiço, repõem-se boas lembranças e, neste caso, a mais bela e dramática história da nossa “cronologia” desde a fundação da nacionalidade.

 

A revisita aos acontecimentos históricos do nosso País ajuda-nos a perceber o nosso fado. A época de Pedro e Inês foi véspera da primeira grande provação da existência da Pátria. De Constância, senhora de Inês e primeira esposa de Pedro, nasceria D. Fernando que, com a sua morte em 1383 sem filho varão e filha Beatriz casada com João I de Castela por forte influência da megera rainha Leonor de Teles, deixaria o reino de Portugal nas mãos dos castelhanos. Qual resistência tipo “que se lixe a troika” os bons portugueses expulsaram a dita Leonor e o Conde Andeiro, ficando com o Mestre de Avis pai da ínclita geração e, por ironia das coisas, também filho do Pedro e doutra que não Inês nem Constância.

 

Sepultados em Alcobaça, no caminho de Peniche, da ginjinha de Óbitos, da onda de Nazaré e muito tempo antes do conselho de ministros no mosteiro, Pedro e Inês, transpiram o amor incondicional e imparável da nação lusa que resiste mais que todas as outras por essa Europa e mundo a fora. Havemos de continuar, deitando ao chão todos os que aqui estão mas jogam como o Andeiro, com cartas por baixo da mesa…

 

Em reposição na RTP2, “Pedro e Inês”.

 

Silvestre Félix

 

(Gravura: Coroação póstuma de Inês de Castro. Wikipédia)

publicado por voltadoduche às 22:33

29
Jul 13

 

Entre, apelos à “união nacional” de má memória e pedidos para que a “Constituição da República” não impeça despedimentos na função pública à laia de barata chantagem, Coelho, o primeiro, inicia um novo paleio para levar uns pontinhos nas autárquicas, e deixar a zero as “favas contadas” já assumidas em caminho “seguro” por adversários mal avisados e portadores de profunda desilusão na maneira de ver intuitiva dos senadores maiores.

 

Nem estão “no papo”, as autárquicas, para o PS, nem remediadas para o PSD ou coligação à direita. Acho que equilibradas para a CDU e pequeninas para o BE. Premiadas e bem-aventuradas para os bem vindos independentes.


Silvestre Félix


(Foto: Câmara Municipal de Sintra - Paços do Concelho)

publicado por voltadoduche às 00:27

27
Jul 13

 

Está tudo doido, não se tratam e querem arrastar os outros para a loucura.

 

Nem o Pais está tão bem como alguns membros do governo querem constantemente fazer querer, nem os da oposição podem continuar a pedir eleições antecipadas e demissões de ministros ainda agora empossados.

 

Como diz o Miguel Sousa Tavares hoje na sua crónica do Expresso, qualquer parecida com – Que os politiqueiros se calem… abalem todos de férias que os portugueses já não os podem ouvir…


Silvestre Félix

 

Gravura: Parte de Alegoria do Triunfo de Vênus, de Agnolo Bronzino. (Wikipédia)

publicado por voltadoduche às 23:04
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26
Jul 13


Juram solenemente e por honra, cumprir…


Havendo uma entidade reguladora das juras e de qualidade da honra que por aí se semeia, muito trabalho de “citação” teria e não chegariam os portadores das respetivas notificações.

 

Sempre estão, os que juram cumprir, prontinhos, para propagandear constantes dúvidas, embalando os desencantos e angústias do sacrificado cidadão português.

 

A toda a hora, o discurso vazio e monocórdico substitui, abusivamente, o trabalho com conteúdo e essencial para o País se encontrar com os merecidos pergaminhos.

 

Os políticos desta praça vão perdendo margem de sobrevivência para além da tempestade.

 

Os que estão fora (estando dentro) preparam-se, sem olhar a meios, para trocarem de posição com os que estão dentro e que, depois, estarão fora e passarão a usar os mesmos argumentos dos primeiros e vice-versa.

 

Não fazem parte deste círculo os outros que nunca conseguiram o poder porque os eleitores não confiaram nas suas propostas. Razões que a consciência dita e que não pode menorizada.

 

Tudo isto, todas as juras, toda a honra, todo o paleio e todo o interesse de grupo se torna mais condenável para quem cada vez tem menos emprego, menos ordenado, menos pensão e mais taxas e mais impostos.

 

E as frotas “topo de gama” continuam…


E O POVO, COMO É QUE FICA?

Silvestre Félix

publicado por voltadoduche às 15:28

24
Jul 13

 

Não deixei de ter gosto pela escrita. Não! Deixei sim de ter vontade de escrever sobre a atualidade política. Ainda agora, com a televisão lá ao fundo sem som sintonizada na SIC notícias transmitindo em direto o plenário da Assembleia da República, tenho uma imagem perfeita do que hoje, para mim, representam a maioria das “peças” partidárias – agitam-se, esbracejam, mexem os lábios como se gritassem, mas não dizem nada. É este o triste espetáculo que estes “grupos” têm dado aos olhos dos portugueses.

 

Ao fim de trinta e nove anos de democracia, é chegado o momento do sistema ser refrescado e de ser dada voz aos que não se revêem no espetro partidário. Propostas de alteração da Lei eleitoral e consequente alteração da composição do conjunto dos deputados da República, têm feito parte de múltiplos programas eleitorais mas nunca foram concretizadas.

 

Os partidos são a base orgânica da democracia mas o eleitor tem de poder votar e eleger o seu deputado e este, por seu lado, ser responsável perante os seus eleitores. Outras organizações cívicas, sociais, de cidadania ou cidadãos individuais, devem ter acesso à disputa eleitoral e respetiva eleição, desde que cumpram determinados pressupostos.

 

Silvestre Félix

publicado por voltadoduche às 17:08

26
Jun 13

 

A afirmação “tudo é e não é”, para além do título do último romance de Manuel Alegre, é uma verdade inquestionável, principalmente quando falamos do “universo” da nossa política partidária. As estrelas maiores dos grupos políticos atuam para plateias cada vez mais indefesas. Fazem-no conscientes que têm de mentir melhor que os papagueadores dos grupos adversários. Do desempenho, depende a vitória ou a derrota nas urnas eleitorais.

 

O grupo que ganha, que mentiu melhor, logo a posse dada começa a fazer o que muito mais interessa ao grupo e à sua clientela deixando rapidamente para trás o prometido (mentido) ao nos palanques da “sofrida” campanha.

 

O grupo que não ganhou a governação, depressa continua ou se readapta aquela cómoda posição de dizer e reivindicar o que nega ou não faz, quando está do outro lado, na mais apetecida cadeira do poder.

 

A formatação destes líderes orgânicos assenta nos mesmos “ensinamentos” (sem princípios), sejam do grupo A, B, ou C sendo que, para atingirem aquele mínimo necessário de “sem vergonhice”, têm de ter muitos anos de treino. 

 

Eles querem que o jogo seja assim – “tudo é e não é“. A vida vai andando, os grupos amanham-se, o amarfanha-se e o País afunda-se.

 

O grande António Aleixo já dizia que algum dia «pode o Povo querer um mundo novo a sério». Quando isso acontecer, não há “formatação” que valha nem descaramento que os safe!

 

Silvestre Félix

publicado por voltadoduche às 15:18

04
Jun 13

 

Da janela do terceiro andar conseguia ver o mundo e o céu. Também via o “escondidinho” e, movendo os maxilares em seco, saboreava a boa bifana. A toda a hora ouvia o pregão do cauteleiro e o premiado número da “Casa da Sorte”. Daquela janela encarava a porta do “Bensaúde” e, na outra margem, a doca seca da “Lisnave”. Os cacilheiros, as faluas e as fragatas mostravam-se num vai e vem sem fim. Pelo lado dos Remolares apareciam os carregadores da “ribeira” com os hortícolas coloridos e as varinas com os pescados de fresco na costa que ainda era nossa. E as vieirinhas do “Porto de Abrigo”? Do terceiro andar, à janela, enfrentava os estendais de roupa a tapar as vistas para as águas-furtadas. E o digestivo do Brithis que o careca e simpático Oliveira servia com rigor minimalista? E o gravateiro chinês, e o engraxador do Califórnia e o paleio do António ao mesmo tempo que trocava as mãos com o bife à casa e as lulas recheadas? Lá, do terceiro andar, mesmo que não estivesse à janela, adivinhava as tretas atiradas pelo Man’el porteiro metido naquela fardeta cinzenta com direito a boné à polícia de pala em rijo cartão forrado. Sempre queixoso como se toda a gente lhe devesse. Sempre o pior parceiro para a “sueca” no armazém, lá, no terceiro andar, no mesmo da minha janela. O Vicente, eu, o Catarino e o Nunes “babávamos” pelo carvoeiro e as sardinhas assadas. As melhores. E mais tarde, porque antes era menu caro p’ra curta féria, o Rio Grande e o frango assado no espeto e o tinto do Cartaxo também viria a fazer parte do roteiro. Debaixo da do Alecrim, corria a Nova do Carvalho que só acordava lá para a hora de almoço com os neons hesitantes. Os marujos e os magalas sempre animavam a noite e sonhavam com amores perdidos numa enxerga de quarto de lavatório e bidé avulso na pensão contratada.

 

 

De braços cruzados no parapeito conseguia ver, de olhos fechados, o outro lado da cidade. O cheiro a combustível e o sonoro das turbinas dos B 747, B 707, B 727, DC 10, etc., etc., desmultiplicando no fundo da pista. O Castelo Branco que mal sabia que outro, muitos anos mais tarde, não acrescentava pergaminhos à graça com nome de digna cidade beirã, com toda a sabedoria do muito tempo contado em anos, lá desenrascava a carta de porte do cliente mais exigente. Em modos de sono primário, a partir da janela do terceiro andar, sentia o piso irregular, que sempre me pareceu estar ao contrário, daquele terminal do edifício dezassete. O Nelson do Aguinaldo desalfandegava e queria sempre o maldito BRI que ia e vinha deduzida a cota para a próxima. O “metro” até ao Areeiro e no primeiro andar do 8 ou 44 no verde da “Carris”. De lá, do terceiro andar bem perto do Tejo a horas certas do relógio da esquina do Duque da Terceira e do outro, do “Brithis Bar”, que anda ao contrário, via a escadaria e a fachada dos anos trinta. Subindo, era por ali que entrava, passava pela tabacaria arrastando o vício num pacote de nicotina e lá seguia o caminho e os tapetes, as malas, e, mais à frente, o hangar, as paletes e os contentores e sempre, até hoje, como se lá estivessem, os saudosos cheirinhos e barulhinhos. 

 

De qualquer janela dum terceiro andar podia, fechando os olhos, sentir o cheiro de África e da terra moçambicana quando a pista de Mavalane me recebeu pela primeira vez. Muito provavelmente porque o Tejo me guiou pelo ar como se navegando fosse pela frente de Belém e dos Jerónimos e saísse pela mesma barra dos antigos navegadores. Podia ter sido, só não fui conquistador e, antes, conquistado.


Naquele tempo não sabia mas, a Lusofonia, era, e é, o caminho.


Mesmo duma simples janela dum terceiro andar do Cais do Sodré donde via tudo e mais alguma coisa, em mim morava esperança e crença no que aí havia de vir mas, como se percebe, nunca imaginaria ver uma parada militarista em pose prussiana desfilando pela Ribeira das Naus e formar em conjuntos quadrangulares no Terreiro do Paço.

 

Nestes tempos de agora, a tribuna de honra continua a estar numa das alas da Praça mas, a conquista, bem cultivada em laboratório e, ignorando o equestre D. José, traveste-se e apresenta-se de escuro fato, gravata e pasta na mão.   

 

Silvestre Félix

(Fotos: Imagens google)

publicado por voltadoduche às 16:14

14
Mai 13

 

E lá do norte, nordeste, sempre vêm os bárbaros. E os do sul, sudoeste, sempre levam com eles. As invasões são cíclicas, chegam pelas piores razões, arrasam tudo o que encontram pela frente e, quando regressam à origem pelos caminhos saqueados, raramente deixam mais alguma coisa que não seja o cheiro a queimado.

 

A civilização sempre nos chegou do Mediterrâneo. Pelos cultos comerciantes Fenícios, os Povos da Ibéria conheceram as civilizações do Médio Oriente e da Grécia até à chegada dos evoluídos Romanos a toda a Península e com muitas dificuldades de fixação na Lusitânia porque o Viriato não era para brincadeiras nem “bom aluno”. Ainda depois, vieram os Árabes com a ciência e os seus ensinamentos que se perpetuam até hoje. Pelo “Estreito” vieram as mais-valias e o melhor que temos. Somos todos mediterrânicos, “farinha do mesmo saco”, irmãos, primos ou, pelo menos, parentes.

 

Dos Pirenéus para lá moram outros, “farinha doutro saco”.

 

As grandes diferenças civilizacionais não podem ser ignoradas.

 

É impossível misturar água com azeite.

 

O Mar Mediterrâneo é a nossa praceta,


o Oceano Atlântico a nossa rua, a  nossa avenida, o nosso caminho, o nosso mundo


e, a Lusofonia, a nossa essência.


Silvestre Félix


(Gravura: “Os Bárbaros” – Wilipédia)


09
Mai 13

 

Pelas avenidas, pelas ruas becos e travessas, as espingardas gritavam, continuamente, improvisadas palavras de ordem e as flores, que eram vermelhas, transbordavam de felicidade passando de mãos e mãos poisando nos canos das “getrês” e nas largas bocas das pesadas viaturas dos aderentes regimentos de cavalaria.

 

Os homens e mulheres só tomavam aquele rumo. A “guarda-de-honra” agora era civil e onde estivesse um “Militar-de-Abril” haviam de estar, à sua volta, dezenas, centenas ou milhares de felizes portugueses.   

 

«Olha, que coisa mais linda…», se dizia, do nosso País, no outro lado do Atlântico e também o Chico; «…ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso Portugal…». E em Abril, Portugal se tornou um mar de esperança.

 

Quase quarenta de tempo contado em anos a esperança esmorece e a chama está praticamente apagada.

 

Contudo, a primavera está e as vermelhas que são flores também ainda estão – VIVAS!!


Silvestre Félix

publicado por voltadoduche às 15:29

20
Abr 13




“A 10 de Dezembro de 1992, sem qualquer pressão internacional e sem nenhum exército inimigo às portas de Lisboa, a Assembleia da República aprovava o Tratado de União Europeia. (…) Foi a maior capitulação do País desde as cortes de Tomar de Abril de 1581 (…) ” «João Ferreira do Amaral, in introdução»


A leitura deste extraordinário ensaio de João Ferreira do Amaral é essencial para percebermos o erro capital que a elite política portuguesa cometeu, ao ter abdicado de boa parte da nossa soberania, oferecendo a moeda e o poder de a emitir quando dela precisássemos, aos novos conquistadores que se vinham instalando e implantando.   

 

João Ferreira do Amaral, desde que a ideia da moeda única vingou, alertou muitas vezes para a tragédia que aí viria se, o que era só “ideia”, alguma vez se viesse a concretizar. Ninguém ou muito poucos lhe deram ouvidos e o tempo passou. Infelizmente tinha razão. A ferramenta mais importante para evitar problemas financeiros do Estado e para fazer recuperar a economia, já não a temos – a nossa moeda!


Ao mesmo tempo alguns, (in) parceiros da nossa (des) união, emprestam-nos dinheiro a juros altíssimos enquanto eles se financiam a juros negativos. Com uma prática mais comum entre a agiotagem, poem-nos à míngua e passam de três em três meses para cobrarem a “quota”. Com amigos assim…

 

Do absurdo às razões de esperança: Novas alianças, novas estratégias”. Título do capítulo 5 do livro. Aqui, o autor mostra-nos outros caminhos para o nosso sucesso como País e como parte integrante e ativa da lusofonia.

 

O Atlântico é a nossa estrada e por aí devemos ir.


A edição é deste mês de Abril da “Lua de Papel” do universo “Leya”.

 

Silvestre Félix


(Capa do Livro do FB da editora)


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