(Continuação – No tempo da ditadura, durante a Guerra Colonial)
Oh pessoal, então há lugar para mais um na conversa? (pergunta o Jo’quim Cagachuva que chegava vindo do lado da pedreira do Ti Miguel)
Há pois! (dizem os outros três) e (acrescenta o Caladinho) Com muito cuidado porque eles andam aí…
Diz o Jo’quim Cagachuva: Venho da “ajuntadeira”, fui buscar estes pares de botas cosidas, e ao mesmo tempo folgar o dia. Saí de casa ainda o Sol estava baixo, e só estou a chegar agora. É que, enquanto a perna boa vai e vem, descansa a coxa. M’ocasião, ia já em Chão de Meninos quando…
(Interrompe o Coutinho que é Bernardino): Oh Jo’quim, espera lá. Não comeces já com as tuas histórias, porque já as ouvimos todas. Estamos mais interessados na fala do Caladinho…
(Jo’quim Cagachuva) Eu também. Ele fala tão pouco, que é de aproveitar.
Era pacífico! Os quatro estavam ansiosos para ouvirem o Caladinho falar. Instintivamente, voltaram-se os três – O Rio das Sesmarias, como se calcula, ficou no mesmo sítio, pois sair do leito só com muita água de cheia – para o promitente falador, sentaram-se na beira do muro do quintal do Ti Joaquim da fruta e, de orelhas a jeito, ouviram o Caladinho:
Só precisava que o patrão me pagasse o suficiente para dar de comer aos meus filhos. Eu cumpri a minha obrigação com o trabalho combinado e ele…
(Continua – Extraído do escrito “O Cabouqueiro e a Ciência da Pedra” de Silvestre Félix)
SBF