Mário Soares, na habitual crónica de Terça-feira no Diário de Notícias, apela a Cavaco Silva para que quebre a sua barreira de silêncio e intervenha junto dos partidos afim de evitar a queda do Governo e consequentemente, a paragem do País durante dois ou três meses até que se realizem eleições.
Cavaco Silva não vai ligar nenhuma a Mário Soares e, nem que fosse o Papa a pedir-lhe, faria alguma coisa para travar ou inverter o caminho que as coisas estão a levar. Quem faz um discurso como o da tomada de posse não pode estar mais de acordo com a queda do Governo. Aliás, a clareza com que expressou a sua oposição (excessiva) à ação governativa, despoletou o arranque decisivo para o fim de Sócrates como Primeiro-Ministro.
Esta permanente incerteza em que temos vivido no último ano, sobre se o Governo cai ou não, é desgastante, sendo preferível acabar com isto duma vez. O que me angustia é que o resultado das eleições, muito provavelmente, não vai resolver o problema da qualidade da maioria, e a questão é – absoluta ou relativa – seja lá qual for, dos dois, o mais votado. Os portugueses estão cansados dos nossos políticos, dos partidos e de tudo o que cheire a política. Sentem-se enganados e têm razões de sobra para isso. Nos últimos tempos, os políticos têm sido inimigos de si próprios porque criaram todas as condições para que as populações desconfiem de todas as instituições do nosso Estado democrático.
Independentemente de todos os problemas económicos e financeiros, é urgente restaurarmos a confiança dos portugueses nas instituições democráticas. Saltitam por aí muitos adeptos de “manhãs de nevoeiro” com um D. Sebastião montado num cavalo branco para salvar a “Pátria”. Há adeptos e há candidatos, por isso, é imperioso devolver credibilidade à nossa democracia.
Silvestre Félix