Mesmo em tempos difíceis, em que seria razoável um certo consenso no que respeita aos meios e medidas para debelar a crise, os portugueses estão condenados a vegetar ao ritmo da classe política.
As sociedades democráticas ocidentais, como a portuguesa, assentam na existência de partidos políticos. Na sua organização, há países mais tolerantes do que outros, na abertura de intervenção política a movimentos vivos de cidadania fora dos partidos. Em Portugal, o poder partidário tem mantido a exclusividade de legislar e de governar e, enquanto o paradigma não mudar, temos que “levar” com eles.
O negativismo desta introdução é justificada pela constatação de que o interesse partidário ou de grupo, está sempre acima do nacional.
Todas as declarações e atitudes dos nossos partidos, têm, em primeiro lugar a ver, com o que a opinião pública vai pensar e se dá para as intenções de voto subirem.
No último fim-de-semana, depois de estar adquirido que o PSD ia abster-se na votação da moção de censura do BE, aquela dramatização de Sócrates sobre o compasso de espera do PSD, é completamente descabida. À hora a que discursava, estava farto de saber que a moção não ia passar e, se estivesse a ser verdadeiro na intenção, nem falaria no assunto. Foi só para Zé Povinho ver e ouvir.
O BE, subalternizado com o resultado das presidenciais, quis redirecionar os holofotes e marcar a agenda por cima da do PCP. Qual interesse nacional ou dos trabalhadores?? Mera jogada partidária que até internamente correu mal.
Relativamente ao PSD, salvo uma ou outra declaração autónoma, só falta dizerem qualquer coisa deste tipo: “deixa-os cair de podres…”. Vão resistir à ansiedade de alguns, não porque o interesse nacional esteja primeiro, mas porque lhes interessa, por enquanto, o PS a governar para fazer a pior parte, o mais odioso. Se assumissem a governação agora, com todas as dificuldades em cima da mesa, chagavam ao final do ano já em desgaste.
Há dias em que já não os consigo ouvir!
Silvestre Félix