A volta das voltas. Chegamos, partimos e lá voltamos sempre!

12
Dez 10

Num grupo, onde estavam o João o Cruz e o Vilaça, comentava-se a sensação estranha que era a quantidade de militares aquela hora dentro do quartel. A verdade é que, mesmo de semana, nunca lá estava toda a gente às seis e meia da tarde como estão hoje e como têm estado desde o começo da prevenção. Os Sargentos e os Oficiais do quadro estavam todos de serviço, alguns nunca tinham sido vistos a fazer o que quer que fosse, mas, nesta situação, lá estavam todos a tomar conta do Quartel. Os Milicianos estavam agora na expectativa, ou seja, a bola agora estava do lado do Comando. O João estava ansioso e continuava a ter dúvidas em relação à facilidade aparente em passar à peluda mas, para já, não havia mais nada a fazer do que esperar.

 

Estava na hora de jantar e começava a ouvir-se uns “zuns-zuns” de que o “Regimento de Comandos” já estava nas imediações e que não faltaria muito para entrar na Unidade. Informavam as “fontes”, que ainda não o tinham feito porque esperavam a confirmação de que os Milicianos estavam desarmados. O Vilaça, que era um dos que ia ficar no Quartel porque lhe faltavam poucos dias para concluir o serviço militar obrigatório, não acreditava na vinda dos “Comandos”. O Cruz achava que era bem capaz de acontecer isso e, o João, não sabia o que pensar, duma maneira ou doutra queria era acreditar que se podia livrar rapidamente da treta que era a tropa.

 

Para este jantar, o Albertino estava muito limitado porque o menu que lhe tinham destinado não dava para fazer “flores” – bifes com batatas fritas e ovo a cavalo. Não estava toda a gente a jantar mas, os que estavam, «faziam mais barulho que uma dúzia de “berlieres” a trabalhar», dizia o João enquanto se dirigia com o Cruz para a messe de Sargentos na ideia de verem o telejornal. Quando chegaram já tinha começado e lá estava bastante gente a olhar para a “caixinha” mágica.

 

Dava para ouvir o Comandante do Regimento de Comandos da Amadora a botar um discurso que não agradou nada ao João e seus amigos. Eram palavras que indiciavam agressividade em relação aos “rebeldes” e que não agoirava nada de bom para os próximos dias. Num momento seguinte, já estava no ecrã o Major Melo Antunes com uma posição antagónica à anterior, dizia ele que: “É muito importante a participação do Partido Comunista Português na construção do socialismo, é preciso o empenhamento de todos os portugueses incluindo os do Partido Comunista, etc., etc”. Estas duas posições quase opostas, deixaram o João apreensivo mas, mesmo assim, sabendo da influência política de Melo Antunes e sendo ele membro e mentor do Grupo dos Nove, era nele que devia acreditar, além do mais, o Regimento de Comandos estava às ordens do Grupo dos Nove.

 

(Continua)

(Partes do escrito “25 de Novembro do ano do PREC” de Silvestre Félix)

(Baseado na realidade com situações e nomes ficcionados)

 

SBF

publicado por voltadoduche às 15:51

 

Camarate – Um caso ainda em aberto

De: Diogo Freitas do Amaral

 

Freitas do Amaral era, à data do desastre de Camarate, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Vice-Primeiro-Ministro do Governo de Sá Carneiro e um dos três líderes da AD. Embora nunca tenha afirmado categoricamente que o “caso Camarate” tinha sido acidente ou atentado, ao longo dos anos, sempre se indignou pela (aparente) falta de empenhamento das autoridades portuguesas, em apurar a verdade.

Pela leitura do livro, vamos descobrindo com o autor, situações caricatas que denunciam uma inacreditável (é o que parece) falta de vontade em levar o caso a Tribunal. Se assim foi, para os que o queriam, conseguiram. O caso prescreveu para a Justiça e, tudo o que ainda não tinha sido esclarecido, só o pode ser, a nível Parlamentar.

 

Diogo Freitas do Amaral destaca dois dados que, na sua opinião, são determinantes no apuramento de tudo o que aconteceu: Investigação sobre o desaparecimento de um telegrama enviado pelo Embaixador no Reino Unido para o Ministério em Lisboa, que ele próprio leu e despachou pelo seu punho e, investigação sobre a existência e movimentação, até não se sabe quando, do “Fundo de Defesa Militar do Ultramar” (FDMU).

 

O autor, Professor Diogo Freitas do Amaral, tem 69 anos é professor Catedrático, foi fundador e Presidente do CDS durante 12 anos. Teve, até agora inúmeros cargos políticos nacionais, sendo que, no âmbito internacional foi Presidente da 50ª Assembleia Geral das Nações Unidas (1995-1996).

A Edição é da “Bertrand Editora” e, a primeira, foi em Novembro de 2010.

 

SBF

 

(Imagem: Capa do Livro - Site da Editora)

publicado por voltadoduche às 01:05

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