A volta das voltas. Chegamos, partimos e lá voltamos sempre!

31
Dez 10

Entretanto passava da meia-noite, já era 27 de Novembro de 1975. Na secretaria da CCS, toda iluminada, já estava o 1º Sargento Pereira a tratar da papelada, que, neste caso, era um passaporte de dez dias para cada um. A confusão era grande. Na maior parte dos militares persistiam dúvidas sobre a facilidade da passagem à reserva. João, junto dos seus melhores amigos, levantava exatamente essa questão. O “estado de sítio” ainda estava em vigor, como é que era possível o 1º Pereira estar a garantir que íamos sair do quartel durante a noite?

 

À entrada das 3 companhias formaram-se bichas pirilau e, à vez, de dentro das secretarias, iam chamando os números de cada um. Era mesmo verdade, estavam a entregar passaportes individuais de dez dias e a comunicar que o espólio deveria ser feito na Unidade, a partir do dia 2 de Dezembro e até ao último dia de validade do passaporte.

 

O Vilaça apreciava o movimento de lado, mas muito apreensivo com o que se ia passar com ele nos dias seguintes. Já tinha sido chamado e dito que ia ficar até ao fim do seu tempo previsto que era o final do ano. O Mata e o Albertino vinham na direção do João para lhe mostrarem o passaporte, quando o 1º Sargento Pereira gritou o seu número. Lá foi confirmar que ia para a disponibilidade e, aproveitando, perguntou ao em que situação é que estava a obtenção da carta de condução civil, uma vez que a tinha requerido de acordo com o regulamento em vigor. O Sargento procurou… procurou e, numa exclamação recheada de sonoridade: “AHHH! Ora cá está o processo, muito bem… mas agora já não serve para nada!” E, num gesto rápido e enraivecido, rasga em oito bocados, a capa do processo com os papéis que tinha dentro, atirando tudo para o lixo.

 

João e os outros militares que ali estavam ficaram a olhar para o homem, completamente transtornado, sem perceberem o que lhe passou pela cabeça. Não disse mais nada, entregou o passaporte ao João, disse-lhe que tinha que fazer o espólio até ao décimo dia a partir do dia 2 de Dezembro, mandou-o sair e esperar até o voltarem a chamar. João ficou atordoado com a cena mas, porque o mais importante não era a carta de condução, saiu para a rua e foi ter com o Albertino, com o Mata e com o Cruz, que vinha já despachado da secretaria-geral. Tema de conversa não faltava.

 

(Continua)

(Partes do escrito “25 de Novembro do ano do PREC” de Silvestre Félix)

(Baseado em fatos verdadeiros com nomes e situações ficcionadas)

 

SBF

publicado por voltadoduche às 00:56

30
Dez 10

Pelas audiências, facilmente se confere que os portugueses não ligaram patavina aos debates televisivos entre os candidatos presidenciais.

 

Ainda assim, tomando com muito esforço, como úteis, no esclarecimento dos eleitores, os ditos debates, quem se lembrará deles e dos temas abordados, quando as urnas abrirem às 8h da manhã do próximo dia 23 de Janeiro de 2011?

 

SBF

publicado por voltadoduche às 12:38

29
Dez 10

 

Um comissário de Bruxelas afirmou ser muito perigoso para a economia da União Europeia, as aquisições de capital-controlo por parte de estrangeiros, principalmente chineses, de empresas europeias que ocupam setores-chave.

 

Em circunstâncias normais seria legítima esta preocupação mas, o que está a abrir portas a estas investidas, é a opção europeia dum caminho recessivo em vez de expansionista.

 

Na prática, o que vai acontecendo, é que os únicos investimentos concretizados, têm de fato origem chinesa e dos outros emergentes. A Alemanha, maior potência económica do espaço europeu, desde que abandonou o princípio solidário e comunitário, em vez de investir nos outros países da UE, desinveste. Definiu uma área de influência com os seus satélites, e tudo o resto é para apertar até os pôr de joelhos. Portugal está neste último grupo.

 

Sendo assim, e porque a Alemanha e a França Sarkozy, cinicamente, tem esperança de se safar do domínio alemão – têm o poder da União, literalmente mandam na Comissão, no Conselho e até no BCE, os periféricos, como nós, na tentativa de compensarem as medidas de austeridade a que estão obrigados, procuram captar investimento noutras paragens, fora a União.

 

Neste quadro, é caricata esta intervenção do Comissário da Industria. Ainda por cima diz que a “Europa deve responder politicamente”. Pois bem, a única forma da Europa responder eficazmente é, pelo menos no âmbito do euro, centralizar a dívida soberana e adoptar políticas expansionistas, de forma a pôr as economias a crescer e, assim, quebrar os juros e faturar mais-valias para pagar a dívida.

 

Mas, como a Alemanha só quer a solução para si e seus satélites, nada feito!

 

Vamos ter que nos virar em definitivo para os Lusófonos, Ibero-Americanos e outros emergentes, mesmo que tenhamos de abrir mão do controlo de algumas empresas.

 

SBF

publicado por voltadoduche às 17:18

28
Dez 10

 

Com os novos estatutos da Federação Portuguesa de Futebol adequados ao atual Regime Jurídico das Federações, as Associações Distritais perdem representatividade na Assembleia Geral da FPF de 55% para 35%, daí, a sua resistência, ou pelo menos de algumas, em chegar a acordo quando à redação final do documento.

 

Tudo se move em função do caciquismo, mesmo que estejam em causa os superiores interesses do futebol português. Estavam a preparar-se para eleições e, como, “enquanto o pau vai e vem, folgam as costas”, lá estariam, defendendo os seus patrões, durante mais não sei quanto tempo.

 

Como (dizia o Variações) “quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga”, os senhores, que até agora mandam na Federação, têm de abrir mão do poder ou a FIFA decreta férias para o futebol português.

 

Apressem-se, e saiam de fininho com o “rabinho entre as pernas”!

 

SBF

publicado por voltadoduche às 14:34

27
Dez 10

Está na altura da publicação e transmissão de tudo o que é resumos de acontecimentos de 2010 e previsões para 2011.

 

Não tenho nada contra a comunicação social antes pelo contrário, o que contesto é o tipo de jornalismo que, infelizmente, maioritariamente se faz e não é só em Portugal. As excepções, que existem, confirmam a regra.

 

Do que conheço melhor e do que me parece – não basta ser, é preciso parecer – os jornalistas portugueses (salvo as excepções) têm bem gravado no seu disco rígido algumas normas, e delas, destaco as duas mais importantes que servem de base para as restantes opções.

 

Primeira: De imparcialidade, política ou religiosa, fugir como diabo da cruz.

Segunda: O direito do leitor ou telespectador à verdade é uma treta.

 

Os resumos dos acontecimentos de 2010 e as previsões para 2011 vão ter em conta estas normas. A edição das peças escolhidas e a respectiva narração dependerá da tendência política e religiosa “vigente”. O resto do tempero, terá muito mais a ver com a necessidade de vender papel ou conseguir um bom “share” de audiência. Vamos ter resumos e previsões com todas as desgraças possíveis e, algumas, imaginadas. Tudo o que de bom haja, será ignorado na base porque não corresponde ao economicismo dos tempos nas TV’s e nos jornais.

 

A opção (da comunicação social) em colocar a desgraça permanentemente dentro das nossas casas, ignorando, nem que seja só para desenjoar, as notícias boas, tem contribuindo decisivamente para o pessimismo, tristeza, descrença e abatimento dos portugueses.

 

A notícia ruim, a denúncia do que, e de quem está mal, deve ser transmitida mas, de igual modo, deve ser reproduzida a boa notícia, tudo o que nos faça levantar o ego, e o que possa dar o “click” para acender o orgulho de sermos quem somos.

 

Estamos fartos de desgraças!

 

SBF

publicado por voltadoduche às 17:09

26
Dez 10

 

O tom alinhado do meu diapasão não é o mesmo dos partidos da oposição relativamente à mensagem de Natal do Primeiro-Ministro, no entanto, não posso deixar de ficar indignado e com o estômago às voltas, quando José Sócrates afirma que: “este é o único caminho”.

  

Ele devia saber que – porque não é “fraco de inteligência” – proferir esta frase vezes sem conta, enquanto e no papel de responsável máximo pelo Governo da Nação, não acrescenta, antes pelo contrário, nada de bom à sua “performance” como político.

 

A primeira lição dos manuais políticos contraria esta postura para qualquer função ativa do Estado. O Governo ou o seu “Primeiro” não pode afirmar pela televisão que é detentor da “verdade absoluta”, o que, na sua essência, quer dizer, «este é o único caminho». É preciso demonstrar respeito pelos adversários, pelas opiniões alheias e, mesmo acreditando que só o seu caminho está certo, e isso não é exclusivo do Primeiro-Ministro, é politicamente incorreto afirmá-lo em público, ainda mais numa mensagem de Natal.

 

Se alguém tivesse o «caminho certo» no bolso, não estávamos nesta situação!

 

SBF

publicado por voltadoduche às 17:15

25
Dez 10

Mesa e todos os acessórios no sítio.

 

Dum momento para o outro, fica a abarrotar de comida de toda a espécie e feitio.

 

Eu cá, voto pelas guloseimas.

 

Foi a ceia ontem e o almoço hoje muito esticados no tempo.

 

As prendas e o ritual da descoberta, até o gato está curioso.

 

A Família e o convívio compensa o

 

Consumismo e superficialidade deste tempo.

 

SBF

publicado por voltadoduche às 18:26
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24
Dez 10

 

Era uma vez, uma tesoura muito grande e muito, mas mesmo muito valiosa, à custa das mais-valias acumuladas nos offshores obesos de tanto dinheiro comerem.

 

A tesoura está em modo de corte permanente.

 

A maneira como mais gosta de apanhar as vítimas é de cócoras. Esta posição favorece a amplitude do ganho vitamínico e especulativo.

 

As instruções de funcionamento são muito precisas. Os cortes têm de ser cirúrgicos de forma a não eliminar prematuramente a vítima. Assim, de nível a nível, o “cortado” vai continuando a vomitar q.b., para alimentar na dose certa os mercados que, nos seus resort’s resguardados, vão jogando cartadas antes de saltarem ao tabuleiro de xadrez para o xeque-mate.

 

Cada vítima, para além das hastes da tesoura dourada no pescoço, ainda têm, a roer os seus calcanhares, vários vigilantes encaixados nos respectivos Órgãos de Soberania, com o fim de defenderem bem os interesses declarados dos mercados.

 

Esta, embora comece por um: “era uma vez”, não é uma história da carochinha para os putos adormecerem.

 

É muito real e, se não nos pomos a pau, somos nós, os adultos e portugueses, que iniciamos um sono profundo sem bilhete de regresso.

 

SBF

publicado por voltadoduche às 15:59

23
Dez 10

 

Milagrário Pessoal de

José Eduardo Agualusa

 

José Eduardo Agualusa é, em si, a essência do espírito da Lusofonia!

 

O Homem, O Escritor, O falante da Língua Lusa, está sempre em muitos sítios com os oceanos por caminho e a nossa Língua como identidade.

 

O “Milagrário Pessoal” é uma linda caminhada pela história da língua portuguesa. O romance é de amores normais, entre pessoas, mas também e sobretudo, pela língua portuguesa.

 

Ao longo do livro, em que a narrativa é protagonizada por um velho anarquista angolano e uma sua aluna, ambos linguistas e “amantes” da língua lusa e da sua história. São feitas referências a muitos escritores e utilizadores ilustres da nossa língua, às suas obras a e sítios luso-falantes desde Olinda, a cidade museu de Pernambuco muito perto da grande Recife, até Dili em Timor-Leste, passando por Luanda ou Lisboa.

 

O autor valoriza a pureza da nossa língua na diversidade cultural dos falantes. A língua portuguesa é da comunidade lusófona e, para garantir a sua eternidade, deve ser dinâmica na inventariação e dicionarização dos neologismos.

 

Bom, dado tratar-se de um romance, o melhor é lê-lo e apreciá-lo. Também é uma boa prenda para este Natal.

 

José Eduardo Agualusa, nasceu em Huambo, Angola, em 1960 a 13 de Dezembro. Fez portanto, 50 anos há dez dias. Parabéns por isso! Vive entre Lisboa e Luanda com muitas incursões ao Brasil e não só. É dos autores lusófonos que mais aprecio.

 

Edição da “D. QUIXOTE” com 1ª edição em Setembro de 2010.

 

SBF

(Imagem: Capa do livro – Site da editora)


22
Dez 10

Relativamente a 2009, os portugueses estão a gastar mais nas compras de Natal!

 

Não dá para entender!

 

SBF

publicado por voltadoduche às 17:15
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