A volta das voltas. Chegamos, partimos e lá voltamos sempre!

08
Nov 10

 

As recentes afirmações de Pedro Passos Coelho, sobre responsabilidade civil e criminal, a propósito de eventuais desvios nas execuções orçamentais, têm o consciente efeito de “atirar mais uma acha para a fogueira”.

 

Estou a achar que PPC assumiu definitivamente, a corrida da asneirada e da teimosia com José Sócrates. Dá para perceber que vem fazendo “orelhas moucas” a tudo e a todos, incluindo a alguns antigos apoiantes.

 

Não entendo como é que, de vez em quando, lhe foge o tiro para os pés. Em tão pouco tempo, já foram tantos os tiros que, qualquer dia, vai ter dificuldade em manter-se em pé.

 

Devia ser inventado um aparelho para medir a demagogia. Se essa ferramenta existisse, PPC já estaria nos primeiros lugares. As contas do Estado são permanentemente auditadas e, se PPC não se lembra, existe uma instituição que se chama Tribunal de Contas, com poderes para responsabilizar e agir criminalmente no âmbito de todos os serviços do Estado e de outras instituições, deles dependentes, sempre que seja necessário.

 

Como podemos ganhar confiança numa personalidade que, depois duma primeira “abordagem” de entendimento e de defesa do interesse nacional, elogiada e classificada de muito positiva por quase todos os quadrantes da sociedade portuguesa, virou, a partir do Verão, para uma estratégia de confronto “barato” com o Governo, acabando por ficar encurralado no tabu sobre o Orçamento, provocando “resmas” de incertezas lá fora e cá dentro, materializadas no aumento dos juros da nossa dívida soberana?

 

Mesmo depois do Orçamento aprovado, e sabendo que até Março de 2011 o Parlamento não pode ser dissolvido, Pedro Passos Coelho continua, erradamente para a maioria dos portugueses, a alimentar uma guerrilha partidária permanente, criando um ambiente de pré-campanha eleitoral, quando, por enquanto, o que se lhe exige é uma atitude de Estado, compatível, com quem pode estar muito perto de ser o próximo Primeiro-Ministro.

 

(Gravura: DN Online)

SBF

publicado por voltadoduche às 01:56

07
Nov 10

 

São muitas as razões que legitimam a convocação da greve geral do próximo dia 24.

 

O rendimento disponível dos trabalhadores portugueses tem vindo a diminuir e, a partir de Janeiro, ainda mais e duma maneira mais acentuada.

 

Partindo desta dura realidade, existem contudo, três formas de sentir os “cortes” já feitos e os que ainda aí vêm, a saber:

 

Primeira: Naquela enorme faixa de famílias que já aufere tão pouco – muitas, abaixo do salário mínimo – que qualquer cêntimo que recebam a menos, pode significar um pão a menos na mesa, ou a falta de um medicamento indispensável à cura da doença.

 

Segunda: Outra faixa de famílias com rendimentos médios e encargos equilibrados que, considerando as quebras anunciadas, podem ter de prescindir ou reduzir: Na ida ao ginásio, ao instituto de beleza, ir jantar fora, passar férias no estrangeiro, lições de equitação e esgrima da(o) filha(o), trocar este ano só um carro em vez de dois, etc., etc.

 

Terceira: As classes abastadas ou famílias ricas, tanto lhes faz impostos baixos como altos, que não precisam alterar o seu estilo e nível de vida.

 

Nesta conformidade, e como todos já sabemos, não há dúvida que a crise custa muito mais a uns do que para outros. Por isso lamento, que a comunicação social duma forma geral, mas principalmente as televisões, estejam – a propósito da greve ou das medidas de austeridade – a dar voz, preferencialmente a classes profissionais do segundo nível, ou seja, com vencimentos superiores a cinco ordenados mínimos, fora os extras.

 

É claro que custa não poder trocar o carro este ano ou não ir ao estrangeiro de férias, mas caramba, pelo menos sejam discretos.

 

(Foto: Manif. F. Pública 6.11.10 – DN Online)

 

SBF

publicado por voltadoduche às 17:48

06
Nov 10

 

No terceiro andar, olhando pela janela, conseguia viajar ao futuro.

 

Mais depressa do que a velocidade das águas do Tejo que, sem hesitações, corriam na direção da barra, desviando-se a seguir do Bugio, a ida ao futuro entusiasmava-me e colocava-me no melhor dos mundos com que alguma vez fosse possível sonhar.

 

O Outono Marcelista ameaçava permanecer infinitamente e nem a ala liberal conseguia transformar em luz, as nuvens que por aqui pairavam.

 

E a Guerra continuava!

 

Daquela janela do terceiro andar, conseguia saudar os do “Bragança” quando subiam os degraus de pedra da do Alecrim ou pela outra janela bem encostada à “minha”. Neste caso – tratando-se de albergue tão ilustre, não fosse pelo Eça do IXX assim tratado nos vários escritos e na “Tragédia da Rua das Flores” que, daqui consigo mirar, não a “tragédia”, mas a rua – dada a circunstância de, em vez de andar para a frente, me inspirar passado, tratei de apurar aqueles momentos mágicos de recolhimento e concentração, para que as idas ao futuro saíssem muito mais certeiras do que as “revisões” em alta ou em baixa das instituições de controlo económico e financeiro, que saltitam por tudo o que é comunicação social e a toda a hora.

 

Em Alcântara-Mar, a abarrotar de Mães e Pais, Irmãos e Irmãs, Mulheres e Filhos, que, por sua vez, se multiplicavam em lenços brancos marcados pela saudade antecipada. O “Niassa”, apontado ao corredor da barra, separava-se do Cais, e de verde azeitona colorido lá começava a dobrar a ondulação em sintonia com os silvos estridentes assinalando a partida.

 

A Guerra ainda estava lá!

 

De Salazar se fez Caetano e da Primavera se fez Outono!

 

Doze dias depois, outro Cais em África, muita gente mas agora é a chegada. A bordo só fica a esperança no regresso. Fora de bordo está o desconhecido, a ansiedade e muitas vezes o medo e o desespero.

 

Pela janela do terceiro andar, numa das idas ao futuro em muito tempo contado em anos e a do Alecrim em fundo…

 

Com intermitências, conseguia perceber as imagens, mesmo foscas, duma SOBERANIA desanimada e indefesa perante um gigante louro de olhos azuis, fêmea q.b. e vestimenta colorida. A servir de ESCUDO, o gigante trazia uma plataforma de coesão que, quando muito bem entendia e porque tinha todo o poder e dele fazia o que queria, a transformava em arma de arremesso, mais conhecida como MERCADO, com um alcance periférico sem limite de distância e vergonha. Embora um pouco encobertos pelo gigante que os protegia, dava para ver, sempre a crescer, os peões que me sopraram chamarem-se JUROS. Estes peões iam avançando no tabuleiro de xadrez que agora via claramente, enquanto o gigante se resguardava entre as TORRES DE BRUXELAS. Os JUROS conseguiram ameaçar as defesas da SOBERANIA que, num último momento, se aguentou e recuperou até algumas linhas no tabuleiro. A resistência está difícil, o XEQUE-MATE pode surgir a qualquer momento mas, enquanto há vida, há esperança!

 

Naquele terceiro andar, à janela, conseguia ver a continuação da Guerra que matou e estropiou. Conseguia sentir a emoção dos portões de Caxias e de Peniche que se abriram a Portugal. Conseguia sentir o peso dos séculos duma NAÇÃO, tantas vezes ameaçada e outras amordaçada, mas sempre libertada.

 

Da janela do terceiro andar, vi calarem-se as granadas e as metralhadoras, vi abraços fortes de liberdade e vi o fim da Guerra.

 

As portas que Abril abriu à SOBERANIA não se fecharão à esperança!

SBF


05
Nov 10

Os Ex-Ministros ou Ex-Secretários de Estado das finanças, são, na minha opinião, demasiadas vezes solicitados pela comunicação social a pronunciarem-se sobre a atual situação e o que fariam se fossem agora Ministros.

 

Todos eles, pelas mais variadas razões, têm responsabilidade na forma como o nosso País tem caminhado, do ponto de vista financeiro, nas últimas décadas. Nenhum se pode pôr de fora, ou melhor, nenhum se devia pôr de fora, mas, a humildade e a modéstia, não fazem parte do dicionário da maioria destas personagens.

 

Todos foram e são muito bons. A generalidade, se fossem agora Ministra(o)s, tinham solução para todos os nossos males. Este excesso de “competência” “ataca” “monstros de sabedoria” de todo o “arco do poder”.

 

Tantos “sábios” em bicos de pés!

 

Tudo o que é demais enjoa!

 

SBF

publicado por voltadoduche às 21:26
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04
Nov 10

 

O financiamento oficial dos partidos é, em si, polémico.

 

Em tempo de crise e a credibilidade dos políticos em baixo, o universo da nossa política, decide, mais uma vez, mexer na legislação que regula a entrada de dinheiro nos seus cofres.

 

Nesta Quarta-Feira, na Assembleia da República, uma nova Lei foi aprovada com os votos favoráveis do PSD, PS e abstenção do CDS e de mais 9 deputados do PS. Os restantes votaram contra. Na “dissidência” no voto do PS, destacam-se António José Seguro, Strech Ribeiro e Vera Jardim que não conhecidos como não alinhados com José Sócrates.

 

A nova Lei, entre outras coisas mais ou menos discutíveis, tem uma novidade que me parece altamente perigosa e que acentua o critério da capacidade financeira de cada um, na altura da escolha de candidatos para as listas eleitorais, incluindo para Câmaras Municipais, Assembleias Municipais e Assembleias de Freguesia.

 

Até aqui, só os eleitos podiam fazer donativos oficiais aos partidos. Com a nova Lei, para fazer um donativo legal a um partido, não é necessário estar eleito, basta só que seja candidato oficial numa lista eleitoral desse partido, podendo, até, nunca vir a ser eleito. A partir de ontem, só nas autarquias, os potenciais ofertantes passam a ser mais de 40 mil candidatos.

 

Não é difícil começarmos a perceber que, “fulano de tal”, conseguiu determinado lugar na lista, porque “entrou” com um donativo para o partido, a atirar para o “gordo”. O outro, o “fulano menos de tal”, embora mais competente, e tudo leva a crer, honesto, não aparece no topo ou nem sequer lá está, porque não tem condições financeiras para avançar com um “bom” donativo, ou seja, faz toda a diferença que o donativo passe de jusante para montante, sendo o ponto de partida a elaboração da lista.

 

Passa a vigorar a lei do mercado. Tudo depende da oferta e da procura!

 

Os Deputados que votaram favoravelmente esta nova Lei, prestaram um mau serviço ao País!

 

(Foto: DN Online)

SBF


03
Nov 10

 

Atrás de mim virá, quem de mim bom fará!

 

Nada mais apropriado do que citar este antigo provérbio, a propósito da participação da ex-líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, no debate parlamentar do OE durante a manhã de hoje. Do que ouvi em direto e do que li posteriormente, concluo que a Senhora usou aquela dose de bom senso e responsabilidade que tem faltado ao seu sucessor e a quem o rodeia.

 

Nunca “morri” de simpatia por MFL. Esse sentimento tem a ver com a forma, como ela, ao longo dos anos, tem intervindo na política portuguesa, incluindo o mandato à frente do PSD. Por isso mesmo, com a sua saída, acreditei que os interesses partidários iriam passar para segundo plano e, com a nova liderança, seria possível percorrer um caminho sereno e seguro com destino a uma governação competente e estável.

 

Enganei-me redondamente!

 

Numa primeira fase, ainda vi um PPC com bom senso e responsabilidade e um Sócrates menos arrogante e dialogante, naquele encontro em São Bento, mas, “foi sol de pouca dura”. PPC abriu as hostilidades e nunca mais parou. Sócrates, como também é seu lema, respondeu e contra-atacou em sucessivas ocasiões e, os portugueses, principalmente desde o Verão, sofrem cada vez que ouvem ou lêem notícias, ou, ainda pior, quando conseguem assistir a um debate parlamentar.

 

Na verdade enganei-me várias vezes!

 

Com Manuela Ferreira Leite, não tinha havido tabu em relação à passagem do OE de 2011. Tinha dito mais ou menos assim: “É mau, não é o meu orçamento, mas, em nome do interesse nacional, o PSD não o vai inviabilizar”. Os “mercados” tinham reagido de outra maneira e a situação hoje seria mais favorável, ou seja, Pedro Passos Coelho não foi solução nenhuma e, em vez disso, está a ser o problema!

 

(Foto: DN Online)

SBF


02
Nov 10

 

Assistindo ao debate parlamentar de hoje, com o OE de 2011 em cima da mesa, percebe-se bem, que, “qualidade” é uma característica que não abunda naquela “casa da democracia”.

 

Mário Soares, no seu habitual artigo do Diário de Notícias de hoje, aborda a questão do regime. Diz ele: “Alguns analistas que não gostam particularmente do 25 de Abril têm insistido muito – nos órgãos de comunicação social – que o nosso regime está esgotado e em crise.”

 

Tal como Mário Soares, eu também acho que o nosso regime não está esgotado, antes pelo contrário, precisa de algumas reformas que “refresquem” a sociedade e, ao mesmo tempo, que se consolide uma tendência segura de melhoramento das condições de vida dos portugueses. Infelizmente a austeridade não deixa, e não sabemos quantos mais anos teremos que esperar para recuperarmos o que agora estamos a perder.

 

A crise atual é financeira, foi importada e, amplificada em virtude das nossas deficiências estruturais. E, esses problemas que vêm muito de trás – reposição do nosso tecido produtivo, na agricultura, nas pescas, na reparação e construção naval, nos portos e transportes marítimos, na reparação e construção de equipamento circulante e não, de caminho de ferro, a par da investigação e desenvolvimento de todas as componentes de energia renovável, investigação, desenvolvimento e produção de novas tecnologias, etc. – para serem corrigidos, precisam de muita competência e, com os atuais atores (no PS e PSD), não tenho motivos para acreditar que exista essa capacidade.

 

SBF

publicado por voltadoduche às 16:52

01
Nov 10

 

“Quase todos os Palácios e igrejas grandes foram rachados ou abateram em parte e poucas casas ficaram em estado de continuarem a ser habitadas. Todas as pessoas que não foram esmagadas mortalmente pela queda dos edifícios, correram para os largos e para as maiores praças. Aqueles que estavam mais perto do rio, fugiram para a beira da água, procurando salvar-se em botes ou qualquer outra coisa em que fosse possível flutuar. O povo corria e gritava chamando para os navios que fossem em seu socorro mas, enquanto a multidão se juntava à beira do rio, a água elevou-se a uma tal altura que invadiu e inundou a parte mais baixa da cidade, aterrorizando tanto os já horrorizados e míseros habitantes que mesmo aqui de bordo podíamos ouvir os seus gritos terríveis e via-se a multidão correndo de um lado para o outro completamente desorientada, convencida de que tinha chegado o fim do mundo, para depois cair de joelhos implorando o auxílio de Deus Nosso Senhor!”

 

Este texto é parte do relato de um Inglês que tinha entrado a barra do Tejo e assistiu ao terramoto de 1 de Novembro de 1755 de dentro do seu navio no rio frente a Lisboa.

 

Faz hoje 255 anos que Lisboa foi arrasada pelo terrível terramoto seguido de um enorme maremoto, hoje, correntemente designado por tsunami.

 

 O terramoto, de magnitude 9 na escala de Richter, para além de Lisboa, atingiu também fortemente todo o litoral Algarvio e vários outros locais no País. Em Lisboa as vítimas terão andado entre as 20 e 40 mil, que sucumbiram, primeiro à derrocada dos edifícios, depois aos fogos que alastraram a cidade e ainda, afogados pelas ondas gigantes de mais de 10 metros que atingiram as partes mais baixas de Lisboa.

 

Preciosidades artísticas e literárias desapareceram, soterradas ou queimadas. Ruíram o Paço da Ribeira com a magnífica biblioteca que D. João V enriquecera, o teatro da ópera, o Palácio da Corte Real com todos os principais arquivos da administração do Reino, visto ser este o Paço-Sede de Portugal, O Castelo de S. Jorge, o arquivo histórico da Torre do Tombo, Catedrais, Basílicas, Igrejas, hospitais. Nos arquivos perderam-se testemunhos únicos das descobertas, nomeadamente registos das viagens de Vasco da Gama, de Cristovão Colombo, etc ., etc.

 

O Terramoto de 1755 foi o fim de um de ciclo de grande reorganização do Estado, que corresponde aos primeiros cinco anos do reinado de D. José I e da crescente intervenção de Sebastião José de Carvalho e Melo, mais tarde Conde de Oeiras e Marquês de Pombal.

 

O que conhecemos hoje por “Baixa Pombalina” corresponde à reconstrução orientada pelo Marquês de Pombal. Estes novos edifícios foram construídos já com proteção anti-sísmica, uma inovação para a época.

SBF

 

(Dicas: História de Portugal de José Hermano Saraiva)


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