A volta das voltas. Chegamos, partimos e lá voltamos sempre!

30
Set 10

E ia cumprir o seu dever de cidadão participando em tarefas nas mesas das eleições democráticas.

 

Ele sentia um orgulho desmedido quando via o seu nome na lista dos elementos para a mesa. Não se importava de ser escrutinador, presidente ou até secretário. Era uma festa, os eleitores levavam frangos assados, bacalhau à gomes de Sá, bebidas, bolos e um sem número de iguarias.

 

O seu cargo na Junta de Freguesia era exercido depois do trabalho e nos fins-de-semana. Tinha direito a uma senha de presença em duas reuniões mensais do executivo. Pouco dinheiro e, mesmo assim, entregava-o todo ao partido. Mesmo ao serviço da Autarquia, andava no seu velho carro porque acreditava fazer parte da sua contribuição de cidadão para o desenvolvimento do País e para ajudar a melhorar a vida dos seus “fregueses”.

 

Acreditava no futuro dos homens e era otimista quanto ao País e na melhoria das condições de vida para os seus concidadãos.

 

Também era sonhador e, num desses sonhos, viu a catástrofe do futuro com mais de trinta anos contados desde esse dia:

 

Era um monstro que berrava e comia tudo que lhe pusessem a jeito. O monstro engordava a cada minuto e era adorado por um batalhão de “boys” com fatos cinzentos de corte de luxo, brutos e caros relógios de coleção, óculos escuros de aros dourados que, à medida que rodavam pelo monstro, se montavam em automóveis pretos de alta cilindrada saindo a voar e desaparecendo no céu com cores tempestuosas.

 

Num dos muitos enormes braços do monstro, conseguia ver, conforme os “neons” por cima, a presidência e vereação de câmaras municipais e executivo de junta de freguesia, da sua junta de freguesia. Tudo muito nítido e bem explicado e com os altos vencimentos indicados em placas presas a cada um, pelo pescoço.

 

Ele queria acordar porque não podia acreditar neste pesadelo, mas ainda não tinha visto tudo: Ao fim de três mandatos (12 anos), podiam requerer a reforma por inteiro. Cada vereador da câmara tinha carro e motorista e o quadro de pessoal tinha dez vezes mais pessoas. A sua junta de freguesia que, na sua época, tinha dois ou três funcionários, incluindo o coveiro, agora tem mais de vinte e seis ou sete viaturas. Por uma nesga, ainda conseguiu ver que quem participa nas mesas eleitorais, recebe dinheiro por isso.

 

O monstro continuava a engordar e não demorará muito a rebentar! Não há monstro que aguente! Ele não queria ver esse epílogo e, por isso, fez um grande esforço para acordar porque, se isto era assim nas autarquias, muito pior seria na administração central.

 

SBF

publicado por voltadoduche às 17:19
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29
Set 10

 

O lote de notáveis que se reuniu ontem num hotel de muitas estrelas em Lisboa, todos com passado de responsabilidade em idos governos de qualidade duvidosa, participando ativamente na engorda do Estado que todos agora dizem querer pôr a dieta, botaram palavra no desfile da saída, para as televisões passarem a imagem de "imaculados" e “competentes” economistas, financeiros, juristas, engenheiros, papagaios e carroceiros. No final deste mesmo desfile, passou o “Passos” em passo de corrida, como se fosse, num ápice, resolver todos os problemas do País!

 

Os de ontem, podem juntar-se aos de hoje – sim porque hoje também se reúnem os “primos” dos de ontem – e formarem o clube dos “cangalheiros”.

 

Revolta-me o estômago ouvir esta gente falar. Todos, e cada um, têm a solução melhor para a redução de deficit e dívida externa.

 

São autênticas “picaretas falantes” que, nem por uma vez, se lembram dos portugueses reais, do “Zé Povinho”.

 

Já é garantido que, mais uma vez, vão meter a mão no nosso bolso e tirar mais “algum”. Só ainda não sabemos quanto, mas que vão tirar, vão!

 

(Gravura: “Zé Povinho” do Bordalo)

SBF

publicado por voltadoduche às 17:52
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28
Set 10

No ano da triunfante revolução dos cravos, neste mesmo dia, 28 de Setembro, os portugueses apanharam o primeiro grande susto no que respeita à ameaça contra-revolucionária.

 

A luta pelo poder – sendo o poder as FA consubstanciadas no Comando do MFA – tinha atingido o seu auge neste final do verão de 1974, com o Presidente da República General Spínola, a afrontar sem hesitações, as posições oficiais dos Capitães mesmo as constantes no Programa do MFA.

 

As diferenças existentes eram de tal ordem que, por exemplo, para o MFA, a negociação com os Movimentos de Libertação com o fim da autodeterminação e independência das Colónias era inquestionável, para o General Spínola e naturalmente para a direita reacionária, as coisas não eram bem assim.

 

A última cartada do General, vendo o poder fugir-lhe cada vez mais, foi tentar levar as suas posições para a rua. Os seus apaniguados trataram de convocar uma manifestação de apoio a Spínola para este dia. Os supostos manifestantes seriam a famosa “MAIORIA SILENCIOSA”. Os planos passavam por criar ambiente favorável à execução de um golpe de Estado para oferecer o poder absoluto ao General.

 

Os Capitães não dormiram, materializou-se a Aliança POVO/MFA e a manifestação acabou por não se realizar e a 30 de Setembro de 1974 Spínola renuncia ao cargo de Presidente da República, sendo substituído pelo General Costa Gomes.

 

A esta “personagem” (Spínola), viria ainda a ser atribuído, em 11 de Março de 1975, o principal protagonismo de uma outra tentativa de golpe de Estado executado pelo MDLP, movimento de era líder.

 

Uns anos mais tarde, Spínola foi reabilitado politicamente e promovido a Marechal, com forte empenhamento de Mário Soares.

 

SBF

publicado por voltadoduche às 20:00

(Continuação – Ainda no tempo da ditadura do “botas” e da Guerra Colonial.)

 

...

 

Pois é Coutinho que és Bernardino, o meu sobrinho sofre lá (na Guerra em Angola) e nós sofremos cá com a ausência dele, mas quem tem a culpa deste sofrimento todo, são os que mandam, mas ainda as vão pagar todas juntas. O tempo vai passar e voltar-se a nosso favor, já estou a ver o que vai acontecer…

 

Oh Caladinho, não me digas que também és bruxo? Como é que sabes o que vai acontecer lá p’ra diante?

 

Meu amigo Coutinho que és Bernardino (olhando na direcção do balcão e da porta e falando ainda mais baixinho), podemos continuar a conversa mas não aqui, é que as paredes têm ouvidos…

 

O quê, as paredes ouvem?

 

É isso mesmo… faz de conta, mas às vezes parece mesmo verdade.

 

Tá bem Caladinho, vens comigo até à pedreira do Ti Miguel, e contas tudo o que sabes para mim, e para os meus amigos que são de confiança.

 

Saindo pela esquerda, muito juntinhos à regueira da curva e de passo apressado porque, pelo barulho, lá vinha do lado da charneca, um andante com motor a botar fumo por tudo quanto é sítio, e, já no começo da rua para o olival, o Caladinho pára e espera pelo andante. O Caladinho era pessoa informada, e, por isso, era natural que quisesse ver o veículo motorizado.

 

(Continua)

 

(Extraído do escrito “O Cabouqueiro e a Ciência da Pedra” de Silvestre Félix)

 

SBF

publicado por voltadoduche às 16:47

27
Set 10

 

As florescentes em horizontal no teto dos corredores muito compridos, são a “marca d’água” das viagens em maca de última geração. Já tenho algumas destas viagens carimbadas no meu passaporte emitido pelo SNS deste “Estado-Social” que tantos querem subverter!

 

Cada visita feita, como hoje, às acomodações do “Fernando da Fonseca”, é como aqueles encontros periódicos de amigos. Tratamos do que é preciso e falamos de nós, dos outros, da crise, do tempo e também de doenças… já agora…

 

A boa ou má disposição por detrás do guiché, contamina o utente!

 

Todas as cadeiras estão ocupadas por poucos novos, muitos velhos, caras de sofrimento, olhares vagos, cores pálidas, mais muleta, cadeira de rodas e a espera de cinco, dez, quinze minutos ou meia-hora, sempre pretexto para o habitual protesto embirrento.

 

O aviso sonoro da chamada encaminha-me e encontro o conforto dos técnicos competentes e afáveis.

 

SBF

publicado por voltadoduche às 16:36

26
Set 10

 

Há uns tempos, ficou famosa uma intervenção de Juan Carlos de Espanha, numa cimeira Ibero-Americana, interrompendo uma fala do Presidente da Venezuela Hugo Chaves e dirigindo-se a ele lhe gritou:

 

“Porque no te callas?”

 

Ora bem, está na hora de alguém ou de muita gente, fazer o mesmo com os líderes do PS e do PSD.(CLICAR)

 

Porque não se calam?

 

Cada palavra que dizem sobre o OE e a negociação que não chegou a ser negociada, é asneira que fica e é mais um ponto em juros que pagamos!

Para multiplicar este efeito, as nossas televisões repetem em dias seguidos e até à exaustão, as mesmas falas e as mesmas bacoradas e, para darem imagem de competência, convidam e dão voz aos habituais “cangalheiros” e seus ajudantes.

 

(Foto e link: DN Online)

 

SBF

publicado por voltadoduche às 16:56
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25
Set 10

 

Os dias encurtam, as folhas ficam amarelas e caiem pela tarde!

 

De manhã a história é outra… é feita de “Febre de Sábado de Manhã”, de “Rádio Comercial”, Júlio Isidro e de “Cinema Nimas”. Na época dessas manhãs de “Febre”, muito tempo contado em anos faltava para ser possível – com o peso da história – saborear com verdade toda aquela vontade de fazer figura apoiada no profissionalismo do “Julião”. Hoje de manhã… um sábado de manhã, ele disse como era.

 

Pela tarde, caiem as folhas amarelas e os dias encurtam!

 

(Gravura: “Outono” Óleo em madeira de José Malhoa – 1918)

 

SBF

publicado por voltadoduche às 19:57
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24
Set 10

 

Os portugueses já não acreditam em nada que seja dito pelos irresponsáveis que temos à frente das instituições que nos governam e que compõem a Oposição com representação parlamentar.

 

O triste espectáculo que deram ontem – o Governo e o PSD – está a custar muitos milhões aos pobres contribuintes, por força do aumento de juros instantâneo, que os “outros” especuladores tratam de nos impor.

 

Todos sabem, para já, o que tem de ser feito para cumprir as metas que nos foram impostas para redução do deficit este ano e próximos. Para que se hão-de perder em guerras egoístas, irresponsáveis e calculistas levando só em conta os interesses partidários e de clientelas, deixando para segundo plano o interesse nacional. Não têm vergonha nenhuma e arriscam o tudo-ou-nada!

 

Os portugueses não dormem. Podem demorar algum tempo a acordar mas isso vai acontecer um dia. Nessa altura, o problema é se, meio ensonado e com fraqueza de raciocínio, o português vai fazer a coisa certa!

 

SBF

publicado por voltadoduche às 17:37
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21
Set 10

 

Relativamente a notícias, comecei a ouvir e a ver só o que me interessa e até desliguei o rádio do despertador!

 

Deprimidos já andamos, não precisamos que nos atirem a toda a hora, as percentagens, os números e as duvidosas opiniões, sobre a situação económica do País.

 

No meio da multidão de economistas de carteira, especialistas e muitos aprendizes da comunicação social, líderes e peões da oposição da esquerda à direita e de toda a guarda avançada do Governo, o cidadão comum tem muita dificuldade em acreditar em quer que seja, no que respeita à consolidação das contas públicas e depois dos números de execução orçamental tornados ontem públicos.

 

Uns dizem que as contas estão de acordo com o previsto no orçamento para 2010, os outros dizem que está tudo a ir ao fundo, que a despesa está descontrolada, que é preciso cortar (isto, alguns não dizem) nos vencimentos, e por aí fora.

 

A destacar, as declarações do FMI que afirma acreditar na redução do nosso deficit até 3% em 2013 e que não está nos planos da organização “aterrar” no nosso País. Por outro lado, os juros da dívida soberana que ontem tinham atingido um novo máximo, hoje, depois de conhecidos os números, voltam a baixar. Em que ficamos?

 

Grande parte dos nossos políticos, têm mais vocação para “cangalheiros”. Consta que uma grande marca franchising de agências funerárias, procura franchisados. Não percam a oportunidade e candidatem-se!

 

SBF

publicado por voltadoduche às 16:33
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17
Set 10

Qualquer parecença entre o Passos Coelho de Março e o Passos Coelho de Setembro, é pura coincidência!

 

A entrevista de hoje na RTP, foi mais um tiro no pé.

 

A vontade pelo interesse nacional demonstrada (??) há seis meses atrás, contrasta com a arrogância actual. Não faltará muito para, nesta valência, estar à altura de Sócrates!

 

Os nossos políticos continuam a falar e a agir para a sua clientela, e, principalmente, a apostar forte na angariação de novos votos. O interesse do País está, definitivamente, em segundo ou terceiro plano.

 

A Judite de Sousa ainda fez uma força (pequenina) para Passos Coelho ser mais explícito nalgumas matérias, por exemplo: Concretamente que despesas devia o Governo reduzir? Não respondeu claramente como nunca respondem a nada, é tudo generalidades!

 

SBF

publicado por voltadoduche às 01:21

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