Há dias em que tenho a sensação de que fomos invadidos por um exército de tesouras.
Sim! Tesouras !!!!
Ontem veio uma e cortou um nível nas empresas tais, tais e tais… Hoje veio outra e cortou nos bancos a, b, c, d… Amanhã há-de vir outra para cortar na dívida soberana.
E assim vamos sustentando a nossa indignação e aumentando a ferida patriótica.
Os parceiros (?) da UE estão sempre de acordo com as medidas propostas e, em todos os encontros, dão muitas palmadinhas nas costas.
No dia seguinte fazem as contas com outro lápis. Ouvem os conselheiros económicos para ver quanto aumentaram os lucros com os juros das dívidas soberanas, chamam os diplomatas dos negócios estrangeiros para acertarem a estratégia de bloqueio das investidas comerciais dos periféricos e ainda se dão ao luxo de criticarem publicamente Órgãos de Soberania de outros membros da (des) União, que, só por mero acaso, também são periféricos.
O que mais me chateia é que nós criamos todas as condições para alojarmos este exército e outros parecidos. E, mesmo assim, para que não lhes falte nada, todos os dias nos encarregamos de lhes fornecer, ao vivo e em direto, todo o tipo de argumentos para que as tesouras mantenham a operacionalidade.
Silvestre Félix