“…D. João Peculiar começou a preparar o sermão decisivo. Consciente do que os esperava a todos, achou que devia aos guerreiros, aos portugueses, aos cristãos de Lisboa, aos inimigos muçulmanos, ao mundo e talvez ao próprio Deus, uma explicação prévia. …continua a ecoar o sermão do arcebispo de Braga… “ (1)
Foram 10 dias de combate intenso e, “…quando a Porta do Mar se abriu, a 25 de Outubro, o arcebispo de Braga, D. João Peculiar, entrou à frente, com a bandeira da Cruz de Cristo. Seguiram-no o bispo do Porto, com o rei e Sahério de Archelles. Mas já centenas de soldados se tinham introduzido na cidade pela brecha da muralha….” (1)
Neste dia 25 de Outubro de 1147, depois de uma longa batalha, em que se envolveram, a pedido do nosso Rei, cruzados de passagem pela costa portuguesa em 164 barcos a caminho da Terra Santa e originários da Flandres, Inglaterra, Normandia e Alemanha (também designados colonienses de Colónia), D. Afonso Henriques, consegue finalmente conquistar al-Ushbuna (nome árabe da cidade) aos Mouros.
O preço, em vidas humanas, foi muito alto. Os mortos e estropiados de um lado e do outro foram muitos. No final, os Mouros foram derrotados e a cidade passou a fazer parte de Portugal cristão. O herói mais conhecido da batalha de Lisboa é Martim Moniz. Diz a lenda que Martim ter-se-á deixado entalar numa das portas da cidade, deixando-a aberta com seu corpo e, permitindo assim, que as forças portuguesas entrassem muralhas a dentro.
D. Afonso Henriques toma posse oficial da cidade a 1 de Novembro seguinte e, em 1179, é dado foral a Lisboa, ao mesmo tempo que vai retomando o dinamismo que já tivera quando era al-Ushbuna. O rio Tejo e o seu porto seguro, iria transformar-se num importante entreposto comercial a meio caminho da rota Mediterrâneo – norte da Europa. Pela sua posição estratégica, foi promovida a capital do reino em 1255 e assim se manteve até ao final da monarquia, e depois, da mesma forma, continuou capital da república.
A circunstância leva a que, tudo de bom e de mau que tenha acontecido em Portugal, por Lisboa tenha passado. Foram as epidemias cíclicas que dizimaram milhares de lisboetas ao longo dos séculos. Os terramotos, que foram muitos e grandes, embora só nos lembremos do de 1755 por ser o mais recente e um dos mais devastadores. O domínio de Castela durante 60 anos (1580-1640), a presença das tropas napoleónicas na época das invasões francesas (1807-1813), mas também a glória da época dos descobrimentos. Foi, conforme reza a história, a fase mais rica e esplendorosa da capital do reino.
Hoje, Lisboa é uma grande metrópole da Europa. Cidade moderna que não fica atrás da grande maioria das grandes cidades do mundo. Com os seus problemas, como o todo do País, mas, tem tudo para nos orgulharmos da nossa capital.
(Fotos: Wikipédia e Net – (1) Trechos do livro de Paulo Moura “1147–Tesouro de Lisboa” da Esfera dos Livros)
SBF