A volta das voltas. Chegamos, partimos e lá voltamos sempre!

14
Abr 11

Otelo Saraiva de Carvalho declarou ontem à Lusa;

 

«…que hoje em dia não faria a revolução, se soubesse que o país iria estar no estado em que está.»

 

Não concordo em absoluto com uma afirmação deste tipo. Tenho grande admiração por Otelo e ainda hoje acabei de ler o seu último livro que me enriqueceu o conhecimento sobre o que se passou naquele dia 25 de Abril de 1974.

 

A Revolução dos Cravos, que Otelo coordenou em termos operacionais, alterou muita coisa que não tem rigorosamente nada a ver com a situação económica e financeira que hoje se vive em Portugal Fim da Guerra Colonial, final do império com a independência das colónias e fim da opressão e domínio de outros povos, desmantelamento do Estado fascista com o fim da censura e polícia política, instauração das liberdades individuais e coletivas e institucionalização do Estado democrático em todas as suas vertentes, etc., etc.

 

Otelo Saraiva de Carvalho sempre nos foi habituando, nestes 37 anos, a alguns “pronúncios” polémicos. O seu voluntarismo e a sua espontaneidade têm sido suficientes para desculpar uma ou outra “tirada” mais a despropósito, mas esta é de “bradar aos céus”. Ainda assim, Otelo tem de continuar a ser polémico senão deixa de ser autêntico. Com certeza foi levado pela revolta, que é comum a grande parte dos portugueses neste momento, mas, relendo as suas próprias declarações, já terá concluído que não era bem aquilo que queria dizer.

 

Um destes dias falarei aqui do seu livro “O Dia Inicial”, que vem mesmo a calhar neste mês de Abril.

 

Silvestre Félix

publicado por voltadoduche às 22:20

11
Nov 10

 

Angola era, aquando do triunfo da revolução de 25 de Abril de 1974 em Portugal, palco de uma das frentes da Guerra Colonial que o antigo regime português teimava em manter.

 

Um dos principais objetivos dos revolucionários portugueses e que constava mesmo no programa do MFA, era o fim dos combates e iniciar negociações com os Movimentos de Libertação Nacionais para a autodeterminação e independência de cada uma das Colónias.

 

As duas primeiras intenções foram pacificamente atingidas mas, a seguir – dada a circunstância de Angola ter três Movimentos de Libertação ativos nas negociações e na ambição de chegarem ao poder – as coisas não foram fáceis, mas isso é outra história.

 

A data foi marcada e, antes da meia-noite deste dia 11 de Novembro de 1975, a bandeira portuguesa foi arreada, os últimos representantes da soberania portuguesa deixaram Luanda e, subiu ao mastro, a bandeira nacional de Angola.

 

Angola não se livrou da guerra com a independência em 1975. Os angolanos continuaram a ouvir os disparos das metralhadoras e os rebentamentos de minas, com os sacrifícios que isso implica, até 2002, ano em que, com a morte do líder da Unita, o confronto chegou finalmente ao fim.

 

Hoje, Angola é um dos principais Países africanos, com uma taxa de crescimento das mais elevadas, faz parte da “Lusofonia” integrando ativamente a CPLP, é um forte parceiro de Portugal a todos os níveis e, é um dos destinos prediletos dos portugueses para emigrarem.

 

De 1982 a 2002, fui muitas vezes a Angola e passei lá alguns períodos de dois ou três meses. Senti-me sempre em casa e tenho muitas saudades da terra e dos angolanos que tive o gosto de conhecer.

 

SBF

 

(Imagem: Wikipédia)


28
Set 10

No ano da triunfante revolução dos cravos, neste mesmo dia, 28 de Setembro, os portugueses apanharam o primeiro grande susto no que respeita à ameaça contra-revolucionária.

 

A luta pelo poder – sendo o poder as FA consubstanciadas no Comando do MFA – tinha atingido o seu auge neste final do verão de 1974, com o Presidente da República General Spínola, a afrontar sem hesitações, as posições oficiais dos Capitães mesmo as constantes no Programa do MFA.

 

As diferenças existentes eram de tal ordem que, por exemplo, para o MFA, a negociação com os Movimentos de Libertação com o fim da autodeterminação e independência das Colónias era inquestionável, para o General Spínola e naturalmente para a direita reacionária, as coisas não eram bem assim.

 

A última cartada do General, vendo o poder fugir-lhe cada vez mais, foi tentar levar as suas posições para a rua. Os seus apaniguados trataram de convocar uma manifestação de apoio a Spínola para este dia. Os supostos manifestantes seriam a famosa “MAIORIA SILENCIOSA”. Os planos passavam por criar ambiente favorável à execução de um golpe de Estado para oferecer o poder absoluto ao General.

 

Os Capitães não dormiram, materializou-se a Aliança POVO/MFA e a manifestação acabou por não se realizar e a 30 de Setembro de 1974 Spínola renuncia ao cargo de Presidente da República, sendo substituído pelo General Costa Gomes.

 

A esta “personagem” (Spínola), viria ainda a ser atribuído, em 11 de Março de 1975, o principal protagonismo de uma outra tentativa de golpe de Estado executado pelo MDLP, movimento de era líder.

 

Uns anos mais tarde, Spínola foi reabilitado politicamente e promovido a Marechal, com forte empenhamento de Mário Soares.

 

SBF

publicado por voltadoduche às 20:00

24
Abr 10

«Na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, Salgueiro Maia limitou-se a mandar ter o material pronto para qualquer ação, sem no entanto dizer para quê.

 

Não era contudo muito difícil percebê-lo e os oficiais milicianos da sua maior confiança, adivinharam-no.

O entusiasmo posto no trabalho de afinação e preparação dos carros de combate foi tal, que o próprio comandante estranhou, mandou encerrar os Parques e simultaneamente deu alta aos trabalhos.

 

 

O pessoal todavia, continuou o seu trabalho, sem barulho, dentro dos próprios Parques, com as portas encerradas.»

 

(Texto extraído do livro “Origens e Evolução do Movimento dos Capitães” de Diniz de Almeida)

 

SBF

publicado por voltadoduche às 01:44

22
Abr 10

Naquele Abril revolucionário, todos os problemas se iam resolver, os portões do paraíso na terra estavam escancarados, nunca mais haveria fome, nunca mais haveria guerra, nunca mais haveria PIDE.

 

“As portas que Abril abriu” não mais se fechariam, os patrões e os empregados haveriam de se abraçar, o general e o soldado haveriam de comer à mesma mesa, o capitalismo e o estado social haveriam de estar juntos na recuperação económica, o político e o normal cidadão haveriam de vestir a mesma camisola.

 

Portugal levaria a lição ao mundo, e seriamos o povo mais feliz do universo.

 

A história cumpriu o seu dever e rezou, mas… Como é possível, tanto tempo contado em anos desde a revolução dos cravos, que se descubram inúmeras “portas” que, ou nunca chegaram a ser abertas, ou, depois de abertas, voltaram a fechar-se?

 

O Artigo primeiro da nossa Constituição diz assim:

 

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

 

Será que estamos a falar do mesmo País?

 

 

“Capitão de Abril, Capitão de Novembro” do Coronel Sousa e Castro, demonstra com muita precisão alguns exemplos do que acima disse. Sousa e Castro faz um relato factual dos acontecimentos, desde a criação do Movimento dos Capitães em meados de 1973, até ao rescaldo do 25 de Novembro extensivo à revisão Constitucional de 1982, altura em que acaba o Conselho de Revolução. À medida que dá conta das ações em que interveio ou que conheceu, faz a sua interpretação objetiva e subjetiva, e acompanha com documentos.

 

O Capitão (à época) Sousa e Castro, fez parte do Grupo dos Nove, que, em pleno Verão Quente de 1975, se uniu em volta dum projeto moderado – Não alinhados com o Partido Comunista nem com a extrema-esquerda, e advogando respeito pelo resultado eleitoral de 25 de Abril de 1975 para a Assembleia Constituinte. Embora simpatizando com a ideia de “socialismo democrático”, nunca quiseram (enquanto grupo ou movimento) confundir-se com o Partido Socialista, antes pelo contrário, as relações com a direcção do PS, nem sempre foram calmas.

 

O Movimento dos Nove, que o autor (e a história) considera vencedor em 25 de Novembro, viria a ter dificuldade em travar a cavalgada de alguns setores militares conservadores que nunca foram entusiastas do que aconteceu em 25 de Abril. Sousa e Castro, Vasco Lourenço, Melo Antunes, Ramalho Eanes, Franco Charais, Pezarat Correia e principalmente o Presidente da República, General Costa Gomes e ainda outros defensores da mesma linha, foram decisivos para cortar “o passeio” da extrema-direita militar e civil neste Novembro de 1975.

 

No 36º aniversário do 25 de Abril, aconselho a leitura deste livro que é edição da “Guerra e Paz”, a primeira em Novembro de 2009.

 

O Coronel Rodrigo Sousa e Castro nasceu em 1944 no Alto Minho.

 

SBF

 


26
Nov 09

 

E os cravos continuaram nos canos das espingardas!
Para mim, este dia de Novembro, tem sempre falta de qualquer coisa. Provei essa falta de… qualquer coisa, com os meus 21 anos, é claro que hoje o tempero é diferente. Em 1975 tudo era mais puro, não havia tanta refinação, e os sabores eram mais autênticos.
O 25 de Novembro de 1975, corresponde ao final do que historicamente se conhece por PREC (Processo Revolucionário Em Curso), iniciado com a Revolução dos Cravos em 25 de Abril de 1974. Ainda não reza na história tudo o que se passou em Novembro de 1975. Objectivamente o que aconteceu foi que; os pára-quedistas, afectos à ala mais à esquerda no MFA, identificada com Otelo Saraiva de Carvalho e o COPCON, ocuparam instalações militares fazendo exigências de toda a espécie, afrontando as chefias e o VI Governo presidido pelo Almirante Pinheiro de Azevedo. Do outro lado estava a outra ala moderada do MFA, conhecida por movimento dos nove e, aparentemente orientada pelo Major Melo Antunes.
Estas duas sensibilidades, que do ponto de vista político têm a fronteira no PS para a esquerda e no PS para a direita incluindo o próprio PS, estiveram muito perto de se envolverem numa luta fratricida pelo poder. A guerra civil esteve por um fio.
Quando parecia estar tudo perdido, só faltava atirar o primeiro tiro, surge a autoridade do General Costa Gomes, Presidente da República, chamando a Belém os principais inspiradores das correntes em litígio, conseguindo concentrar em si o comando das operações, declarando o estado de sítio e evitando o banho de sangue dado já como inevitável.
Independentemente das movimentações militares, comandadas no terreno por Ramalho Eanes e que nalguns casos se excedeu no zelo, o grande responsável pela NÃO vitória de nenhum dos lados, foi, o Já falecido Marechal Costa Gomes. A história, ainda não fez contas com este homem e começa a ser tempo de o fazer.
Eu, militar naquela altura, como acontecia com a generalidade da tropa, estava num dos lados e, como é normal, estava convencido da minha verdade. (O meu 25 de Novembro)
SBF
publicado por voltadoduche às 00:51

01
Jun 09

 

E os da farda não param de realizar encontros de homenagem a Jaime Neves. Em vez de se esforçarem tanto por razões estritamente militares, deviam, estes fardados, que pelo tempo do 25 de Abril passaram, ter tendência para reconhecer o mérito dos outros que lutaram no terreno, pela liberdade e progresso do povo português.
Pela liberdade e progresso do povo português deviam empenhar-se os deputados que vão ser eleitos a sete de Junho para o parlamento europeu. Pela fraca campanha eleitoral que estão a fazer, já se está mesmo a ver o empenhamento que vão ter em Estrasburgo.
Os outros, da Autoridade de Segurança Rodoviária, não estão a gostar da entrada em cena dum circuito via SMS, de aviso aos condutores, da proximidade de radar ou operações STOP, nas estradas portuguesas. Mas o condutor não tem o direito de estar prevenido das áreas de fiscalização?
Sem ajuda governamental, como é que o leite pode ser pago aos produtores a € 0,40 o litro, se é vendido nas grandes superfícies a € 0,39?
O comunicado da ERC, e a posição do conselho deontológico dos jornalistas, sobre o JN da TVI às sextas-feiras com a pivô MMG, são condenação muito forte para qualquer profissional daquela área. Será que ela vai continuar a disparar em todas as direcções, mesmo contra colegas?
SBF
publicado por voltadoduche às 00:37

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