A volta das voltas. Chegamos, partimos e lá voltamos sempre!

30
Mai 12

As matérias verdadeiramente importantes para a vida do cidadão português continuam a estar secundarizadas pela generalidade dos órgãos de comunicação social.

 

As primeiras páginas dos jornais e as aberturas dos espaços noticiosos das televisões e rádios são ocupados com as histórias sobre:

 

Espiões, superespiões e secretas, Ministro Relvas e seus desabafos, jornalista e pressões de lana-caprina, BPN que já era e como se não tivesse havido criminosos à baila, Duarte Lima, lavagens e a viagem a Maricá, a Seleção Nacional de futebol e seus ricos “muchachos” transportados naquelas “bombas” a condizer com o “espírito de sacrifício” propalado… enquanto o poder na mão de mulheres como Merkel e Lagarde nos atrofiam ainda mais.


A condição de vida austera a que a grande maioria dos portugueses está obrigada faz com que, cada vez mais, despreze os comentários e as análises que todos os dias nos enfiam pela casa dentro.


Silvestre Félix

publicado por voltadoduche às 14:23
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29
Mai 12

Melhor seria que instituições como o “Banco Alimentar Contra a Fome” passassem despercebidas ao comum do cidadão ou mesmo, não existissem.

 

Era sinal que não havia pobreza no País e que a palavra “fome” estava riscada do dicionário.

 

A realidade é outra. A pobreza alastra, a fome aumenta e o “Banco Alimentar” é a única tábua de salvação de muitos milhares de portugueses. Numa altura em que o Estado se vai divorciando cada vez mais dos problemas reais dos cidadãos, recorrer às IPSS’s pode ser a diferença entre a vida e a morte.

 

Este último fim de semana, a organização presidida por Isabel Jonet, apoiada em milhares de voluntários, levou a cabo uma das campanhas anuais de recolha de alimentos que superou todas as espectativas. Os portugueses, mesmo com dificuldades, colaboram no sentido de aliviarem o sofrimento de outros em pior situação.

 

O Banco Alimentar Português é um exemplo de organização e eficácia e não foi por acaso que Isabel Jonet foi recentemente eleita Presidente da Federação Europeia de Banco Alimentares. Esta mulher, com um EME muito grande, vai partilhar a sua experiência de Portugal com as congéneres europeias e, quando for o caso, criar de raiz outros “Bancos” como acontecerá na Grécia.


Os portugueses devem gratidão a Isabel Jonet, ao “Banco Alimentar Contra a Fome” e a todos os voluntários que tornam possível esta correia de solidariedade.

   

Silvestre Félix

publicado por voltadoduche às 15:42

22
Mai 12

Cavaco Silva anda pelo Oriente seguindo a rota que os nossos antepassados tantas vezes percorreram em frágeis caravelas. O nosso melhor “capital” está espalhado pelas estradas que há quinhentos anos eles construíram através desses mares que nunca antes tinham sido navegados.

 

Os nossos vizinhos, para além dos outros povos ibéricos, estiveram sempre para além dos oceanos. Os Pirinéus, para os portugueses, funcionaram sempre como uma barreira intransponível e, mesmo assim, quando conseguimos transpô-los, na maior parte das vezes foi para nos submetermos às regras segregacionistas da emigração.

 

O nosso caminho, com ou sem “Jangada de Pedra”, será mais uma vez para o Atlântico tocando, duma maneira abrangente, os “abrigos” americanos e africanos. Bem no sul, com as “tormentas” a bombordo, o Índico nos recebe com o Oriente pela frente a emergir de séculos de incertezas e submissões colonialistas.

 

É urgente que se recupere a ideia das antigas “rotas” adaptadas aos nossos tempos e que, periodicamente e duma forma organizada, partam “armadas” para os “quatro cantos do mundo” levando nos “porões” os nossos produtos e garantindo espaço para que na volta venham “amostras” das novas “especiarias”.

 

A nossa porta principal é a Lusofonia que pode ser franqueada algumas vezes à “Iberofonia”.

 

A Europa foi para nós, mais uma vez, a porta das traseiras.


Silvestre Félix

publicado por voltadoduche às 18:24

16
Mai 12

A primeira reação quando verificamos que a missão das Forças Armadas Portuguesas ao largo da Guiné-Bissau custou 6 milhões de euros, é negativa e alinha-nos na onda de protesto.

 

Lendo duas vezes e refletindo outras tantas, no que me toca, até não será bem assim. Na verdade, a alternativa era bem pior se a coisa desse para o torto como aconteceu há uns 14 anos, a propósito de um outro golpe de Estado no mesmo País.  

 

Numa situação destas o Estado deve garantir a segurança dos nossos compatriotas e foi o que foi feito. A despesa foi brutal, é verdade. As críticas têm alguma audição porque, felizmente, a missão regressou sem ter havido necessidade de intervir. Se, pelo contrário, a missão tivesse resgatado pessoas e bens, a despesa não seria motivo de notícia.

 

«Foi feito o que tinha de ser feito!»


Silvestre Félix

publicado por voltadoduche às 17:02

15
Mai 12

A promessa de «um novo caminho para a Europa» declarada por Hollande, acorda-nos, por momentos, desta depressão crescente. Por outro lado, no próprio dia em que recebe o poder de Sarkosy, vai jantar a Berlim com Merkel. Não pelo encontro em si que, mais tarde ou mais cedo aconteceria mas, quando ainda nem sequer se “sentou” no Eliseu, vai a correr ao beija-mão germânico?

 

Esperemos que esta inusitada opção se justifique porque senão o «novo caminho para a Europa» é uma cópia do anterior.


Silvestre Félix

publicado por voltadoduche às 16:58

10
Mai 12

Esta cimeira ibérica foi completamente sem sal. Austeridade, austeridade e mais austeridade.

 

Por cá, ou seja, no que respeita à política interna, o ninho de espiões das “secretas” portuguesas dominam o interesse da comunicação social. O ninho tinha tantos ovos que alguns vão caindo pelo caminho escancarando alguns segredos que “já eram”.


Outro interessante assunto que vai ocupando os “tempos” de notícias é o pretexto que o Governo deixou para o PS marcar terreno no seu papel de maior partido da oposição. É claro que o PEC ou o DEO, como lhe queiram chamar, devia ter passado pelo Parlamento e, especialmente pelo PS, antes de ser dado como pronto a apresentar em Bruxelas. Até parece que há pouco mais de um ano, não foram os que estão agora no Governo que, com o argumento de não terem sido antes informados do PEC IV, tiraram o tapete a José Sócrates. Não venham dizer que este documento é diferente, que assim…que assado…, projeta os limites de despesa para o futuro e tem horizonte temporal que vai para além da legislatura logo, é legítimo que seja discutido na Assembleia antes de ir para Bruxelas.


Silvestre Félix

publicado por voltadoduche às 16:24

08
Mai 12

Entre o que se deseja e o que é possível, vai, muitas das vezes, grande distância.

 

A consciência desta realidade decorre da experiência que, pela vida fora, vamos adquirindo. Há, no entanto, exceções que confirmam a regra.

 

Todos sabemos que o valor da palavra dada tem vários patamares de importância. Varia conforme os intervenientes. Na política, por exemplo, os compromissos escritos não valem nada, quanto mais os verbais.

 

O Partido Socialista já afirmou oficialmente, durante o dia de hoje, que a assinatura do memorando é para honrar e que, digo eu,

devemos dar margem à saudável irreverência de Mário Soares.

 

Silvestre Félix

publicado por voltadoduche às 23:14

07
Mai 12

A vitória de François Hollande pode vir a ser só, meia (vitória), se os socialistas não ganharem as legislativas do próximo mês de Junho.

 

Já agora, e para que a esperada mudança na Europa seja efetiva e forte, é importante que Hollande tenha apoio maioritário no Parlamento francês. A avaliar pelas declarações conhecidas de vários dirigentes europeus, incluindo da, até agora, poderosa Angela Merkel, as propostas conhecidas do Presidente francês eleito, vão ter acolhimento no sentido de virem a ser enquadradas numa nova política que privilegie o crescimento e a consequente criação de emprego.

 

No caso português, é bom que o Governo saiba aproveitar os novos ventos que do “Eliseu” virão, para que o nosso País possa definitivamente “casar” a consolidação orçamental com a inevitabilidade do crescimento. É tempo da “ementa” deixar de ser uma lista exclusiva de austeridade e passar a incluir alguns itens com “substância” que aliviem o sofrimento dos portugueses.

  

Silvestre Félix

publicado por voltadoduche às 15:53

04
Mai 12

 

O terramoto de 1 de Novembro de 1755 destruiu parte considerável do País e, principalmente, Lisboa. A cidade capital do Império foi arrasada três vezes por outros tantos elementos diferentes; A terra que tremeu e a deitou ao chão, o mar e o rio que a inundou e, que no “reverso”, até os destroços lhe roubou, e o fogo que o resto ardeu e os moribundos asfixiou.

 

O romance que é histórico, “Quando Lisboa Tremeu” de Domingos Amaral, transporta o leitor para o meio da tragédia que se abateu sobre a cidade e seus habitantes. Tudo foi destruído incluindo a maior parte dos testemunhos históricos de Portugal.

 

O autor “extrai” algumas personagens que se cruzam naqueles dias a seguir ao terramoto e descreve-nos, duma forma clara, o fanatismo religioso protagonizada pelo repelente padre Malagrida e pela odiada inquisição. Por outro lado e em oposição a um poder real detido pela igreja, dá-nos uma versão, nem sempre positiva, do homem Sebastião José de Carvalho e Melo mas que, no seu papel de ministro e líder numa altura tão dramática, fez sobressair as suas qualidades de Estadista e merecedor dos títulos que o Rei lhe ofereceu. Não tenhamos dúvida que o Marquês de Pombal foi o grande obreiro da recuperação, reorganização e reconstrução de Lisboa.


Domingos Freitas do Amaral nasceu em 1967 na cidade de Lisboa, é escritor, jornalista e diretor da revista GQ.

 

Adquiri a edição de bolso da BISLEYA de Março de 2012 muito acessível à carteira.

 

(Gravura: Capa do livro do site da editora)

 

Silvestre Félix

 

 

 

 

 


03
Mai 12

Neste tempo “desonrado”, ainda há quem reclame o não cumprimento das promessas eleitorais. Os que o fazem, “não são de cá, ou não vêm cá há muito tempo”.

 

Neste tempo “ultra”, os escritos dos panfletos de propaganda eleitoral, foram compostos de palavras vãs. Quanto mais atraentes, mais mentirosas (as palavras) se revelam.

 

Neste tempo “destemperado”, eles fazem apostas para ver quem consegue “dar o dito por não dito” com mais frieza e descaramento.

 

Neste tempo “austero” (para os do costume), vergonha é coisa que não consta nos dicionários usados por grande parte dos nossos políticos.

 

Neste tempo “desequilibrado”, fazer um exercício de comparação entre o que eles disseram para conseguirem “roubar” o voto do eleitor distraído, e o que fizeram depois de se sentarem na cadeira do poder, é puro masoquismo.

 

Neste tempo “desregulado”, compromissos e direitos é letra morta na cartilha do poder todo troikado.

 

Silvestre Félix

publicado por voltadoduche às 23:38
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